O vice-presidente da República, Hamilton Mourão, afirmou nesta sexta-feira que, apesar de não responder pelo governo, julga a vitória do presidente eleito Joe Biden nos Estados Unidos como "sendo cada vez mais irreversível". O governo brasileiro é um dos poucos que ainda não se pronunciou sobre o resultado das eleições norte-americanas, que indicam a vitória de Biden.
"Como indivíduo eu reconheço, eu não respondo pelo governo, mas como indivíduo eu julgo que a vitória de Biden está cada vez mais sendo irreversível", afirmou em entrevista à Rádio Gaúcha na manhã desta sexta-feira.
Mourão citou que é responsabilidade do presidente Jair Bolsonaro o possível pronunciamento sobre o pleito norte-americano. Além de Bolsonaro, o presidente russo, Vladimir Putin, e o líder norte-coreano Kim Jong-Un também não cumprimentaram ainda Biden.
A China, que ainda não havia reconhecido a vitória do democrata, parabenizou Biden nesta sexta. "Respeitamos a escolha do povo americano. Enviamos nossas felicitações a Biden e a Harris", declarou o porta-voz da diplomacia chinesa, Wang Wenbin.
Nesta sexta, a imprensa americana informou que o democrata venceu no Estado do Arizona e consolidou a liderança no Colégio Eleitoral que escolherá formalmente o novo chefe da Casa Branca. Com isso, chegou a 290 delegados, contra 213 de Trump.
O vice-presidente negou que haja uma tensão entre Brasil e EUA e afirmou que os dois países mantêm uma relação de "Estado para Estado". Mourão disse ainda que as duas nações continuarão buscando pontos em comum nas suas relações diplomáticas. "Independente do momento que for reconhecido resultado da eleição americana, vamos manter diálogo constante", comentou.
Ele também voltou a minimizar a fala do presidente Jair Bolsonaro de que "quando acaba a saliva tem que ter pólvora". "Vejo a coisa da seguinte forma, o presidente, a gente tem que prestar atenção mais nas ações do que nas palavras (de Bolsonaro)", justificou.
Na última terça-feira, 10, sem citar Biden diretamente, Bolsonaro comentou possíveis barreiras comerciais impostas ao Brasil pelos EUA caso as queimadas na região amazônica não fossem contidas. "Apenas a diplomacia não dá", disse ainda o presidente na ocasião.