O Ministério Público do Rio (MP-RJ) define nesta sexta-feira, 11, os três candidatos mais votados para ser o novo procurador-geral de Justiça. Responsável direto pela investigação contra o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), já denunciado pela Promotoria, o novo chefe será escolhido em janeiro pelo governador em exercício, Cláudio Castro (PSC), que é próximo à família do presidente Jair Bolsonaro.
Diferente do que ocorre no caso da Procuradoria-Geral da República (PGR), a Constituição Estadual do Rio obriga o governador a optar por um dos três nomes selecionados pelos 907 integrantes do MP aptos a votar na eleição interna. Há, entre os cinco candidatos, um bolsonarista assumido: Marcelo Rocha Monteiro, que tem fotos com camiseta do presidente da República nas redes sociais. No entanto, ele dificilmente estará na lista tríplice, segundo estimativas internas.
Três nomes são associados ao grupo do atual comandante do órgão, Eduardo Gussem: seu chefe de gabinete, Virgílio Stavridis, o promotor Luciano Mattos e o procurador Ertulei Laureano Matos. Completa a lista de candidatos a procuradora Leila Costa. A votação ocorre entre 10h e 17h, de modo eletrônico.
Além de herdar o caso de Flávio, denunciado por peculato, lavagem de dinheiro e organização criminosa no processo das "rachadinhas", o novo chefe do MP terá de lidar com outras investigações sensíveis. Uma delas, sob a alçada do Grupo de Atuação Especializada no Combate à Corrupção (Gaecc), também envolve a família presidencial: apura supostas irregularidades no gabinete do vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos).
Até aqui, a investigação jogou luz sobre possível desvio de dinheiro público na Câmara Municipal por meio de funcionários "fantasmas". Mas, assim como ocorreu com Flávio, é possível que a Promotoria se debruce sobre possíveis atos de lavagem de dinheiro.
Em setembro, o <b>Estadão</b> mostrou que Carlos pagou R$ 150 mil em dinheiro vivo por um imóvel na zona norte do Rio em 2003, quando tinha 20 anos. A prática é semelhante a transações imobiliárias apontadas na denúncia contra Flávio.
Outra investigação complexa é a que busca desvendar o assassinato da vereadora Marielle Franco, ocorrido em 14 de março de 2018. Desde setembro daquele ano, a apuração está a cargo do Grupo de Atuação Especializada no Combate ao Crime Organizado (Gaeco).
O grupo também investiga as milícias no Rio. Partiu do Gaeco a denúncia contra Adriano Magalhães da Nóbrega, o capitão Adriano, apontado como chefe do Escritório do Crime. Morto em fevereiro, ele é citado nas investigações contra Flávio por ter a mãe e a ex-mulher empregadas no antigo gabinete dele na Assembleia Legislativa.
Cláudio Castro, que assumiu o governo após o afastamento de Wilson Witzel (PSC), também tem seus problemas com o MP. Um vídeo em que o então vice-governador se encontra com um empresário foi usado pelo delator Bruno Campos Selem para alegar que ele estava recebendo propina de R$ 100 mil no âmbito de contratos da Fundação Leão XIII, voltada para assistência social no Estado. O governador nega.
<b>Perfil</b>
Apesar de ter perfil discreto, Gussem comandou o MP num período em que o órgão teve protagonismo no Estado. A Promotoria costumava ser criticada pela suposta omissão nos anos de governo de Sérgio Cabral (MDB), hoje preso e condenado a mais de 300 anos de prisão por investigações do Ministério Público Federal (MPF).
Um ex-procurador-geral nos tempos de Cabral, Cláudio Lopes, chegou a ser preso acusado de receber mesada de R$ 150 mil nos esquemas do ex-governador. Lopes nega.
As informações são do jornal <b>O Estado de S. Paulo.</b>