Na Alemanha, escândalo de máscaras atinge partido de Merkel

Maior partido político da Alemanha, a União Democrática Cristã (CDU) enfrenta uma grave crise a menos de uma semana da realização de importantes eleições estaduais. A legenda da primeira-ministra Angela Merkel se viu envolta em um escândalo pelo envolvimento de parlamentares de sua coalizão governista em um esquema de cobrança de propina a fábricas e distribuidores de máscaras hospitalares em meio à pandemia de covid-19.

O escândalo foi desencadeado no final da semana passada, quando foi revelado o caso de um deputado da União Social Cristã (CSU) – aliado histórico e parte da atual coalizão de governo de Merkel. Georg Nüsslein cobrava comissões de empresas envolvidas na fabricação e distribuição de máscaras hospitalares. Na sequência, um deputado do próprio CDU, Nikolaus Löbel, foi denunciado por razões semelhantes. Os dois tiveram suas filiações suspensas, mas pretendem manter o cargo até o final da atual legislatura.

A questão ameaça a credibilidade do grupo conservador, em pleno ano eleitoral e com um tema tão sensível como tudo o que rodeia a pandemia. O líder da CDU, Armin Laschet, e o líder da CSU, Markus Söder, se comprometeram a enfrentar a situação com o máximo rigor. Já o secretário-geral do CDU, Paul Ziemiak, alertou que qualquer tentativa de enriquecimento pessoal será processada devido a uma pandemia que é a "pior crise desde a Segunda Guerra".

O grupo conservador pediu a seus deputados no Bundestag (Parlamento Federal) que declarem até sexta-feira, 12, todos os seus negócios relacionados à covid-19. Os parlamentares receberam uma carta de suas respectivas siglas determinando que apresentem a declaração antes da noite de sexta, segundo informações da televisão pública ARD.

A carta foi assinada pelo chefe do partido de Merkel, Ralph Brinkhaus, e pelo seu colega da CSU, Alexander Dobrindt, e destaca a importância de esclarecer a situação que preocupa a crise por conta da pandemia.

A revista <i>Der Spiegel</i> estimou, no fim de semana passado, que Nikolaus Löbel teria recebido até 250 mil euros em comissões. Seu colega bávaro teria embolsado cerca de 600 mil euros. De acordo com a publicação, poderia haver cerca de vinte deputados envolvidos em assuntos semelhantes.

A questão das máscaras já apimentou as eleições regionais que acontecerão, no próximo domingo, em Baden-Württemberg – onde uma coalizão liderada pelos verdes governa com a CDU como parceiro menor – e na Renânia – governada por uma aliança entre social-democratas , verde e liberal.

<b>Eleições de setembro</b>

Não bastasse o escândalo, a coalizão ainda tenta chegar a um acordo sobre o candidato para as eleições gerais de 26 de setembro. Teoricamente, o natural seria a candidatura do centrista Laschet, mas Markus Söder, governador da região da Baviera e mais de direita, tem aspirações de lutar pela chancelaria.

Laschet, de 59 anos, tem lutado para gerar entusiasmo por sua campanha. Ele é visto como o candidato com maior probabilidade de continuar o estilo centrista de política estável de Merkel. Laschet é um forte apoiador da indústria alemã e compartilha da ideia da chanceler de que a Alemanha se beneficia da diversidade e integração.

Firmemente pró-europeu, também considera um forte relacionamento com a Rússia como fundamental para o sucesso da Alemanha, embora veja os Estados Unidos e a OTAN como essenciais para a segurança duradoura na Europa. (Com agências internacionais).

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