Berço político do ex-governador Eduardo Campos, morto em um desastre aéreo em 13 de agosto, e terra natal do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Pernambuco está no centro da disputa deste 2.º turno pelo Palácio do Planalto.
Sétimo maior colégio eleitoral do Brasil e segundo do Nordeste, com 6,5 milhões de eleitores, o Estado é visto pelos tucanos como o caminho mais viável para reduzir a grande vantagem de Dilma Rousseff (PT) sobre Aécio Neves (PSDB) em uma das regiões mais populosas do País.
A petista terminou o 1.º turno com 16,3 milhões dos votos nordestinos, o que a ajudou a ficar em primeiro lugar no quadro geral da votação realizada no domingo. Já o tucano teve 4,2 milhões de votos na região e Marina Silva (PSB), 6,4 milhões.
Embora perca em número de eleitores para a Bahia (10 milhões) e fique muito próximo do Ceará (6,3 milhões), Pernambuco se transformou em palco privilegiado da disputa por ter dado 48% de seus votos a Marina, que está fora da corrida presidencial.
Os 2,3 milhões de votos da candidata do PSB no Estado – mais que o dobro dos 904 mil obtidos pela ex-ministra em 2010 – tornaram-se cobiçados não só pelo volume, mas por serem os com maior potencial de transferência em seu espólio. Marina cresceu na terra de Campos em função da proximidade com o ex-governador e da estrutura partidária do PSB pernambucano.
Esse simbolismo de Pernambuco faz lembrar a disputa por Ohio, na eleição presidencial dos Estados Unidos em 2004. O sistema eleitoral americano elege o ocupante da Casa Branca por meio de delegados estaduais – quem tem mais eleitores num determinado local leva todos os votos.
Naquele ano, a campanha à reeleição do republicano George W. Bush enfrentava o democrata John Kerry em uma corrida acirrada. Ohio foi o Estado mais disputado e, de fato, foi decisivo no resultado final – no caso, para a recondução do republicano. Outra peculiaridade: nenhum candidato republicano conseguiu chegar à Casa Branca sem vencer em Ohio.
Retomada
Apesar de ter registrado no Estado seu pior desempenho, 6%, Aécio recebeu o apoio dos principais correligionários locais de Campos e neste sábado, 11, estará com a viúva do ex-governador. Assim, espera reverter o placar tão baixo – em 2010, o candidato do PSDB, José Serra, ficou com 17,4% dos votos.
Eleito governador no 1.º turno, Paulo Câmara coordenará a campanha de Aécio no 2.º turno ao lado do prefeito do Recife, Geraldo Júlio. Ambos são do PSB e afilhados políticos de Campos. A avaliação dos aecistas é que, com o apoio do grupo político do ex-governador e o de Marina, o candidato herde a maior parte desses eleitores. Pesquisas internas do PSDB mostram que Aécio já lidera a corrida eleitoral no Recife.
Já no PT o clima é de pessimismo. Após governar a capital do Estado por três mandatos e contribuir para seguidas vitórias de Lula e Dilma, o PT de Pernambuco se esfacelou. No domingo o partido não conseguiu eleger um deputado federal sequer no Estado. Uma facção do partido chegou a abandonar a orientação nacional para apoiar o PSB.
Segundo a presidente do diretório estadual do PT pernambucano, Teresa Leitão, a expectativa é de que a maior parte dos votos de Marina migre para Aécio. O PT nomeou o senador Humberto Costa para coordenar a campanha de Dilma no Estado, mas até agora a direção nacional ainda não sinalizou quais serão as diretrizes da estratégia local.
Enquanto aguarda uma indicação de rumo, o partido tenta se mobilizar. Depois de garantir o apoio formal do candidato derrotado ao governo, Armando Monteiro (PTB), e do PC do B, o PT marcou duas reuniões para hoje, com o objetivo de mobilizar dirigentes, prefeitos, vereadores e demais parlamentares do partido e legendas aliadas para se engajarem na campanha de Dilma.