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No RJ, supercomputador pode ser desligado por falta de recursos para energia

O supercomputador Santos Dumont, o maior da América Latina, corre o risco de ser desligado até o fim deste mês caso o Laboratório Nacional de Computação Científica (LNCC) não receba recursos suficientes para custeá-lo.

Adquirido por R$ 60 milhões da empresa francesa Atos Bull e capaz de realizar até 1.015 operações matemáticas por segundo, o computador chegou ao laboratório no ano passado e foi inaugurado em janeiro. Mas diante da falta de recursos para pagar o consumo de energia elétrica, nunca chegou a funcionar em plena capacidade.

“Ele foi adquirido para auxiliar toda a comunidade científica brasileira. A intenção era de que ele estivesse aberto para todos projetos de pesquisa e desenvolvimento”, contou o diretor do LNCC, Augusto Gadelha.

Diante da falta de recursos, no entanto, os planos tiveram de ser adiados. Para que o equipamento não ficasse completamente ocioso, seis projetos foram iniciados e estão em andamento. “Mesmo assim, pesquisadores são orientados a usá-lo somente nos horários do dia em que a tarifa de energia elétrica é mais barata”, disse Gadelha.

A estimativa do diretor é de que o supercomputador necessite pelo menos de 60% do orçamento destinado para todo laboratório. Para este ano, o centro, que funciona em Petrópolis, no Rio de Janeiro, e que conta com 60 pesquisadores com doutorado, recebeu uma verba de R$ 8,2 milhões, 15% a menos do que o que havia sido reservado em 2015.

Ele calculou, no entanto, que com supercomputador seriam necessários pelo menos mais R$ 5 milhões. “É essa a verba necessária para manutenção, pessoal e, sobretudo, gastos de energia elétrica”, disse.

Gadelha afirmou que, mesmo com Santos Dumont trabalhando praticamente com um décimo de sua capacidade, o aumento das despesas já trouxe reflexos. “Demitimos funcionários para ajustar as contas. No pior dos cenários, teremos de fazer novos ajustes e, por fim, desligar o aparelho”, lamentou. Esta alternativa, de acordo com diretor, poderia danificar a máquina.

“Como qualquer aparelho, a recomendação é de que ele esteja sempre em funcionamento, com sistema de óleo e refrigeração adequados. Caso contrário, o desgaste é sempre maior”, disse.

Desde que Santos Dumont chegou ao LNCC, centro ligado ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), cerca de 70 projetos vindos de várias partes do País foram encaminhados para instituição. Deste total, 35 já foram aprovados. “Estamos aguardando a liberação de recursos para que projetos possam ser colocados em prática”, informou Gadelha.

O diretor afirmou estar em contato com o MCTI. “Há uma disposição do ministério para que o problema se resolva. Esperamos apenas que a solução venha rapidamente, a tempo de que o Santos Dumont não seja desligado”, finalizou.

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