O governo estadual do Rio comprou para a travessia de passageiros entre a capital e Niterói sete embarcações que não cabem nem nos píeres de atracação nem no estaleiro encarregado de reparos e manutenção. A primeira delas já navega entre as duas cidade.
Para que a barca Pão de Açúcar pudesse operar, a concessionária Barcas S/A teve de fazer obras nas estações de Niterói e do Rio, adaptando os flutuantes à altura da entrada dos passageiros na embarcação. A empresa não divulgou quanto foi gasto.
Essa não é a primeira vez que acontece algo do tipo no serviço de transportes do Rio. Em 2012, o Metrô Rio precisou fazer ajustes para receber trens comprados na China.
O transporte problemático na baía levou a administração do ex-governador Sérgio Cabral (PMDB) a encomendar sete barcas na China, ao custo de R$ 275 milhões. A primeira, a Pão de Açúcar, entrou em operação em março. A promessa era de mais conforto e espaço para 2 mil pessoas (700 a mais do que as atuais). A travessia duraria 15 minutos.
Como a embarcação não cabe no estaleiro, acaba atracada numa rampa de desembarque, o que “engarrafa” o trânsito das barcas. Feito por escadas laterais, o embarque e desembarque atrasa a viagem, que chega a 25 minutos.
O engenheiro Paulo Cézar Ribeiro, da Coppe, compara a situação à da compra de um carro que não cabe na garagem. “Isso tinha de ter sido pensado antes de a embarcação chegar.”
Procurada, a Barcas S/A informou “que a embarcação está em operação assistida, procedimento adotado para as novas embarcações, em conformidade com as normas da Capitania dos Portos. Neste período, a Pão de Açúcar realizará seis viagens no período do rush”. O secretário de Transportes, Carlos Osório, disse que o embarque e desembarque “engarrafado” será resolvido com novas obras. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.