Nove cavalos criados na chácara Dia de Sol, na zona rural de Guarulhos, morreram nos últimos dois meses após consumir ração da empresa Nutratta Nutrição Animal Ltda. Duas mortes ocorreram nesta terça-feira (1º), segundo o criador Marcos Barbosa.
“Um cavalo passou a noite rodando em círculos numa baia e uma égua estava querendo morder a parede. Com todos os animais foi assim, é como se fosse uma demência”, disse.
Barbosa relatou que suspendeu o uso da ração em maio, quando notou os primeiros sintomas. Apesar disso, cerca de 30 cavalos já haviam consumido o produto. Ele calcula prejuízo de R$ 700 mil.
“Pedi para a empresa enviar veterinários para fazerem exames, mas não retornaram. Usei remédios para desintoxicação que custam R$ 200 o frasco por dia e por animal”, afirmou.
No último dia 25, o Ministério da Agricultura proibiu a venda de produtos da Nutratta fabricados a partir de novembro de 2024, após detectar a presença de monocrotalina — toxina encontrada em plantas do tipo crotalária, que causa danos ao fígado e ao sistema nervoso.
Segundo levantamento da advogada Alessandra Agurussi, só em São Paulo já foram registradas 287 mortes.
“A ração não poupou ninguém. Levou animal novo, velho, de raça, com registro, sem registro, mestiço, sem valor comercial, de valor acima de R$ 2 milhões. O caso é gravíssimo. A informação é que nunca na história deste país aconteceu uma contaminação desta magnitude”, disse.
O Ministério apontou falhas graves no controle de matérias-primas e na rastreabilidade dos lotes produzidos, o que impediu a separação dos produtos contaminados.
A Nutratta e o Ministério da Agricultura não responderam até a publicação desta reportagem