A administração Luis Álvaro de Oliveira Ribeiro/Odílio Rodrigues recebeu o Santos em 16 de dezembro de 2009 com Neymar e Ganso despontando como grandes revelações do futebol brasileiro, com um time precisando de poucos retoques para decolar. Os dois primeiros anos foram de glórias, com seis títulos conquistados, enquanto Neymar ainda não estava com a cabeça no Barcelona e Ganso não tinha sofrido a sequência de lesões até se transferir para o São Paulo. Agora, cinco anos depois, o clube será entregue ao próximo presidente, a ser eleito no sábado, mergulhado em crise financeira e com um elenco cheio de problemas.
O novo presidente vai precisar de muita capacidade para recolocar o Santos na rota de sua grandeza histórica. O que fazer, por exemplo, para quitar três meses de direito de imagem e dois de salário em carteira que estão atrasados, além de pagar o 13º e as férias dos jogadores? A insatisfação dos principais titulares foi controlada pelo técnico Enderson Moreira nos últimos tempos, mas existe risco de uma debandada geral.
Ao assumir o cargo na semana que vem, o novo presidente vai ter de correr atrás de recursos para pagar os atrasados, quitar dívidas de curto prazo com fornecedores e bancos e contratar reforços. A esperança é que a Globo antecipe prontamente uma boa parte da cota de TV de 2016 – são aproximadamente R$ 80 milhões, com acréscimo de 60% em relação à de 2015, já antecipada.
Mas nem a cota da Globo é garantida, porque a Ponte Preta deve cobrar judicialmente a dívida corrigida de R$ 400 mil pelo empréstimo do atacante Rildo no começo do ano, pedindo o bloqueio das receitas santistas, inclusive a de transmissão de TV. Os R$ 400 mil deveriam ter sido pagos em duas prestações de R$ 200 mil, em 14 de fevereiro e 14 de abril deste ano.
Provavelmente com base no que se fala internamente, Enderson Moreira afirma que o Santos vai negociar pelo menos dois de seus titulares, o que poderá representar o enfraquecimento do time que não ganhou nada na temporada. Sem falar que o fundo de investimento maltês Doyen Sports, que bancou a contratação do atacante Leandro Damião por R$ 42 milhões (vai cobrar o empréstimo do dinheiro com juros em euros de 10% ao ano e tem como garantia a cota de TV de 2017), acena com a possibilidade de colocar Leandro Damião e o meia Lucas Lima no Cruzeiro para que eles tenham maior exposição na disputa da Libertadores pelo atual bicampeão brasileiro.
Segundo informações de bastidores, o clube mineiro só aceita Leandro Damião se o Santos pagar metade do salário, que estaria em torno de R$ 700 mil por mês, o que pode inviabilizar a negociação. Tirar Lucas Lima da Vila Belmiro é bem mais fácil, porque os direitos econômicos dele também
foram pagos ao Internacional pela Doyen Sports, além de ser um jogador de custo menor.