Política

Novo superintendente do Saae assumirá dívida, falta de água e esgoto sem tratar

Francisco Carone, engenheiro civil formado pelo Instituto de Ensino de Engenharia Paulista (IEEP), não terá vida fácil à frente do Saae (Serviço Autônomo de Água e Esgoto) de Guarulhos, onde assume como novo superintendente em 1º de janeiro, após aceitar o convite do prefeito eleito Guti (PSB). Durante o anúncio de seu nome para o cargo, Carone elencou alguns desafios que enfrentará imediatamente. 
 
Segundo afirmou, Guarulhos tem um déficit de um metro cúbico de água por segundo. “Não é pouco. Já estamos conversando com a Sabesp para aumentar o volume de água enviado para Guarulhos. O Saae nos será entregue com uma dívida de R$ 2,8 bilhões. A situação não é fácil”, explicou. Quase todo o município sofre com a falta de água, já que a Sabesp, que fornece mais de 80% da água consumida na cidade, envia uma quantidade menor do que a demanda. O rodízio é uma realidade para o guarulhense, que convive com períodos de 24 a 48 horas sem abastecimento. 
 
Neste período de verão, quando o consumo aumenta, as reclamações sobre falta de água aumentam, já que a quantidade oferecida durante o rodízio nem sempre é suficiente para suprir as necessidades dos consumidores. Muitas vezes, a água que chega não consegue nem mesmo encher as caixas d´água instaladas nas residências. Neste final de semana de natal, o GuarulhosWeb recebeu reclamações de falta de água que vieram dos mais diferentes bairros de Guarulhos. 
 
Em entrevista recente ao GuarulhosWeb, Guti revelou que espera que o Saae se torne superavitário caso seja bem administrado. Porém, ele sabe das dificuldades que a empresa enfrenta, já que – além de diminuir o rodízio a partir do fornecimento de mais água para a população – é necessário reduzir as perdas, em uma rede de abastecimento precária, com vazamentos que representam 35% de perdas, segundo informações do próprio Saae divulgadas em 2015. 
 
Outro desafio que Carone deverá enfrentar imediatamente é resolver o problema de tratamento de esgoto deixado pela administração de Sebastião Almeida (PT), que não realizou as obras necessárias ao longo dos oito anos que esteve no comando do município. A Prefeitura de Guarulhos firmou um TAC (Termo de Ajuste de Conduta) junto ao Ministério Público Estadual, ainda no governo de Elói Pietá (PT), em que o município se comprometia a chegar ao final de 2017 com cinco estações de tratamento (ETEs) construídas e operando em sua totalidade. “Estamos longe disso. Temos três construídas com 100% de capacidade de tratamento e outras duas só no projeto”, explicou o futuro superintendente do Saae. 
 
No entanto, ele revelou que as três estações concluídas operam com apenas 6% da capacidade. “Isso ocorre por um motivo muito simples. O esgoto não chega nas estações. Precisamos coletar o esgoto, sem deixar ele ir para os córregos, fazendo com que cheguem às ETEs”. 
 
Carone adiantou que precisará conseguir junto ao MP um aditamento do TAC, já que é praticamente impossível cumprir as exigências até o final de 2017. “Ao mesmo tempo precisamos encontrar formas de levar o esgoto das casas até as estações de tratamento com obras em um período que falta dinheiro para novos investimentos”.  
 
 
 

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