O ambiente externo positivo permite um quarto dia consecutivo de valorização do Ibovespa, com o índice renovando novas máximas logo na abertura do pregão e retomando os 121 mil pontos. A safra de balanços do primeiro trimestre nos EUA tem apresentado números favoráveis, reforçando as expectativa de aceleração da retomada econômica americana. Indicadores de atividade em sua maioria também melhores que o estimado, beneficiando o apetite por risco lá fora e aqui. Números do Citigroup e do Bank of Americana superaram as estimativas de analistas, estimulando o apetite ao risco lá fora e também na B3.
Um outro reforço de recuperação econômica americana veio do desempenho do varejo. As vendas do setor subiram 9,8% em março ante fevereiro, ficando acima da expectativa média de analistas de 6,1%.
Já o índice de atividade industrial Empire State avançou a 26,3 em abril, ante projeção de 20. Os pedidos de auxílio-desemprego nos EUA, por sua vez, caíram 193 mil, a 576 mil na semana, em relação à previsão de 710 mil. À noite, sairão vendas do varejo e produção industrial de março da China, além do PIB do primeiro trimestre.
"Temos uma semana recheada de balanços, cujos resultados estão vindo bons, com desempenhos maravilhosos, mostrando que realmente a economia americana está em recuperação", avalia Rodrigo Friedrich, head de renda variável da Renova Invest.
Além dos resultados – ontem os balanços também agradaram -, o presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, reafirmou ontem o compromisso de continuar incentivando a economia do país. "Fez um pronunciamento de que injetará dinheiro e prometeu segurar o juro por enquanto por lá. Realmente está preocupado com a retomada da economia e não vê por enquanto a inflação como um problema", avalia Friedrich.
Depois de superar os 120 mil pontos ontem (aos 120.294,68 pontos, com alta de 0,84%), hoje ultrapassou os 121 mil pontos (121.408,72 pontos, na máxima intradia), nível visto pela última vez no início de janeiro deste ano. No patamar mais elevado intradia, do dia 20 daquele mês, alcançou 121.449,10 pontos.
De acordo com o economista-chefe do banco digital ModalMais, Álvaro Bandeira, agora o próximo objetivo do Ibovespa é atingir o nível recorde dos 125.323 pontos verificados no início de janeiro deste ano. "O investidor está exausto com o imbróglio do Orçamento de 2021 e se agarra na economia global perspectivas boas e na vacinação crescente lá fora, além da safra de balanços com dados positivos", avalia em análise distribuída a clientes e à imprensa.
A despeito da valorização do Ibovespa, a preocupação com as contas públicas do País prossegue, à medida que o prazo para que o governo conclua o orçamento de 2021 vai se aproximando e o clima em Brasília sobre o assunto vem só esquentando.
"Uma questão que segue no foco é a do Orçamento impasse. Se não tirar isso da frente, a visibilidade para o investidor fica muito comprometida, fica difícil Ibovespa extrapolar no curto e médio prazos", avalia Naio Ino, Responsável pela mesa de trading de equities da Western Asset.
Esta semana, em reunião, o presidente da Câmara, Arthur Lira (Progressistas-AL), alertou o presidente Jair Bolsonaro de que o governo perderá a base de apoio caso vete o projeto e não conseguirá mais aprovar nenhuma matéria no Congresso, incluindo as reformas administrativa e tributária. Já o ministro da Economia, Paulo Guedes, voltou a defender o veto com o argumento de que Bolsonaro pode cometer crime de responsabilidade, que poderia acabar desembocando num processo de impeachment. Guedes, mais uma vez, chegou a colocar o cargo à disposição, mas não foi levado a sério.
Às 11h20, o Ibovespa subia 0,50%, aos 120.900,49 pontos, após máxima aos 121.408,72 pontos. Destaque da disparada das ações da Henring após a empresa recusar proposta de combinação de negócios enviada pela Arezzo. Subia 31,05%.
Outras ações do segmento de consumo também compunham a lista de maiores ganhos do Ibovespa, caso de B2W ON (2,39%) e Magazine Luiza (1,18%), além de JBS On (3,24%).
Hoje, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou o volume prestados de serviços de fevereiro, que cresceu 3,7% ante janeiro. Apesar do aumento, Rodrigo Lobo, gerente da Pesquisa Mensal de Serviços (PMS) do IBGE, disse que os serviços presenciais ainda têm espaço importante para recuperação. Para isso, depende da vacinação contra a covid-19, controle da pandemia e resguardo da população. Lobo ainda refutou criticas de que o dado com ajuste sazonal estaria errado. "Problema é modelo ler um contexto absolutamente atípico que a gente está vivenciado."