As bolsas de Nova York fecharam sem direção única nesta sexta-feira, 26, após os investidores digerirem o discurso da presidente do Federal Reserve (Fed, o BC dos EUA), Janet Yellen, na Conferência anual do Fed de Kansas City, em Jackson Hole. Em um dia de altas de baixas, o movimento foi intensificado, após uma declaração “hawkish” do vice do Fed, Stanley Ficher.
O índice Dow Jones fechou em baixa de 0,29%, aos 18.395,40 pontos; S&P 500 caiu 0,16%, aos 2.169,04 pontos e Nasdaq subiu 0,13%, aos 5.218,92 pontos. Na semana, Dow Jones recuou 0,8%, S&P 500 perdeu 0,7% e Nasdaq caiu 0,4% – as suas maiores perdas desde a semana encerrada em 24 de junho, quando o Reino Unido votou para sair da União Europeia. Esta foi a segunda semana consecutiva de quedas para os índices Dow Jones e o S&P 500. Já o Nasdaq contrariou uma série de vitórias de oito semanas.
Apesar de se mostrar otimista com a economia e afirmar que o BC norte-americano pode elevar os juros no curto prazo ao sustentar que o “argumento para alta de juros se fortaleceu nos últimos meses” – o que levou Nova York ao território negativo -, Yellen pontuou alguns problemas, como o de que a perspectiva econômica está incerta e de que os investimentos das empresas continuam fracos – pontos que levaram as bolsas a subirem, ao passo que seu discurso abrandava.
As observações, que foram aguardadas ansiosamente pelo mercado durante toda a semana, provocaram uma reação inicial para vender ações e títulos do governo, o que rapidamente se inverteu e acalmou o mercado.
Pouco tempo depois, questionado durante uma entrevista à CNBC se os investidores devem esperar por uma alta de juros em setembro e por mais outra ainda neste ano, Fischer respondeu: “eu acho que o que Yellen disse hoje é consistente para responder sim às duas perguntas, mas não é algo que saberemos até que vejamos os dados”.
Seu comentário foi o suficiente para gerar a interpretação de que mais de um aumento nos juros possa estar no radar das autoridades do Fed, o que levou as bolsas imediatamente para baixo.
Ao longo da tarde, no entanto, os ânimos foram se acalmando. A política monetária afrouxada nos EUA tem sido a força motriz nos mercados financeiros recentemente, mantendo o dólar fraco e apoiando o mercado acionário e o de bônus.
Após as falas de Yellen e Fischer, dados compilados pelo CME Group apontavam que as chances de uma elevação em setembro subiram de 21,0% na quinta-feira, 25, para 36,0% hoje, enquanto as de dezembro passaram de 51,7% para 63,7%.
Entre os indicadores do dia, o Produto Interno Bruto (PIB) dos EUA avançou a uma taxa anualizada de 1,1% no segundo trimestre, de acordo com a segunda estimativa divulgada pelo Departamento do Comércio do país.
O resultado ficou em linha com as estimativas de economistas consultados pelo Wall Street Journal e apontou ligeira desaceleração frente à leitura anterior, que mostrou ritmo anualizado de crescimento de 1,2% no período.
Ainda assim, os gastos com consumo foram ligeiramente revisados para cima, de uma taxa anualizada de 4,2% para 4,4%. Esse foi o maior ritmo desde de aumento nos gastos domésticos desde o fim de 2014. Por causa disso, o índice de preços dos gastos com consumo (PCE, na sigla em inglês) avançou 2,0% no segundo trimestre, em números anualizados, informou nesta sexta-feira o Departamento do Comércio, na segunda leitura do dado.
Na primeira estimativa, divulgada no fim de julho, o PCE havia avançado 1,9%. O núcleo do PCE, que exclui itens voláteis como o de alimentos e energia, teve alta de 1,8% na segunda leitura para o segundo trimestre, também um pouco acima do avanço de 1,7% calculado anteriormente. O PCE é a medida preferida de inflação do Federal Reserve, o banco central norte-americano. (Com informações da Dow Jones Newswires)