O estupro a uma jovem de 24 anos, antes do amanhecer desta segunda-feira, em uma rua escura do Jardim Presidente Dutra, expõe o fracasso da gestão municipal em Guarulhos. Serve ainda para ilustrar, de forma trágica, o papel de um desgoverno, que não consegue garantir às pessoas de bem o simples direito de ir e vir, com o mínimo de segurança. Para piorar, o local onde a moça foi abordada sofre com um problema que se estende por toda a cidade: falta de reparos na rede de iluminação pública.
Violência anunciada
Não é novidade para ninguém que a Prefeitura, desde que o contrato com a EDP terminou em fevereiro, não contratou outra empresa para realizar os serviços de manutenção da iluminação pública. De forma evasiva, o prefeito Sebastião Almeida (PT) sempre diz que há uma licitação em curso. Balela. Desde o início do ano passado, já se sabiaque o contrato iria acabar e a empresa não estava disposta a permanecer em Guarulhos. Incluindo a prorrogação emergencial, teve tempo de sobra para não deixar a população entregue à própria sorte.
Vai dizer o que?
Depois do crime consumado, o que o nobre prefeito tem a dizer? Certamente, é mais fácil atribuir a responsabilidade ao Governo do Estado por não oferecer segurança pública. Lógico que as viaturas de sua GCM paradas por falta de combustível não contam. Deixa para lá a falta de iluminação pública no bairro também. Sem exageros ou ufanismos, mas dá para afirmar que – por trás do crime – existe uma administração incompetente, que deveria ser responsabilizada por, pelo menos, crime de omissão.
No fim do túnel
Depois de perder grandes empresas e milhares de empregos, Guarulhos pode ter um alento até o final do ano, com a chegada de pelo menos sete grandes empreendimentos nas áreas industrial e de logística. O secretário de Desenvolvimento Econômico, Luis Carlos Teodoro, seria o responsável pela façanha, ao utilizar a lei de incentivos fiscais para atrair investidores. Mas para o sonho se realizar é necessário também que a economia brasileira saia do fundo do poço, a partir deste novo governo que o presidente em exercício Michel Temer (PMDB) desenha.
Ser ou não ser?
Para tentar terminar o mandato com alguma dignidade, Almeida precisa ir contra suas convicções e torcer muito para que o governo de Temer – que ele chama de golpista – consiga obter bons resultados na economia em curto prazo. Somente assim, ele pode ver uma recuperação da arrecadação, chegada dessas novas empresas e geração de empregos. Um possível fracasso da política econômica nacional enterrará de vez o governo Almeida.