Mais do que lamentável, para não dizer deplorável, o espetáculo de horrores proporcionado pelo sindicato dos metroviários de São Paulo nesta quarta-feira, na maior cidade do país, com reflexos diretos em Guarulhos, segundo município do Estado e completamente ligado à vida da capital. Existem inúmeras formas de se negociar salários sem que, para isso, se coloque a faca no pescoço dos trabalhadores que não têm nada a ver com isso. Até o índice reivindicado pelos metroviários, conforme reconheceu a própria entidade representativa da categoria em acordo fechado com o governo do Estado no meio do dia, era irreal. Categoria alguma consegue – ou mesmo reivindica – um aumento real de 15%. Tanto que o sindicato aceitou os 6,1% propostos pelo Metrô. Então, se a reivindicação era irreal e já se sabia que o caos na metrópole seria inevitável, por que insistir na paralisação que sempre acaba mal? Simples. Porque 2012 é um ano eleitoral e se pretendia desgastar a imagem do governador Geraldo Alckmin e dos candidatos de seu partido. Desta forma, em nome das eleições, os grevistas – muitos deles puramente como massa de manobra – prejudicaram diretamente a vida de milhões de pessoas de bem, que pagam pelos serviços prestados e dependem dos transportes públicos para ganhar o pão de cada dia. Vários políticos de oposição ao governo estadual, como sempre ocorre nessas hors, não demoraram para tentar tirar proveito da situação, atribuindo apenas a administração pública o caos criado ontem em São Paulo. Sim, há responsabilidades por parte do Estado, que deve valorizar essa e outras categorias profissionais. Porém, não se pode admitir que alguém use a população como escudo para fazer valer seus interesses eleitorais. Tanto é real o uso político desse movimento que ele não se restringe a São Paulo, mas está presente em várias capitais do país. Parte do movimento sindical tem que acordar para novas formas de reivindicação.