Em entrevista à colunista Monica Bergamo, da Folha de S.Paulo, o secretário municipal de Assistência Social de Guarulhos, Fábio Cavalcante, mostrou o que a cidade vem fazendo para acolher os afegãos refugiados que todo dia chegam ao Aeroporto Internacional de São Paulo em Guarulhos. “O pleito de Guarulhos é que o Ministério da Cidadania realmente se aproprie da demanda e protagonize toda essa operação. Isso não é um problema de Guarulhos, é do Brasil”, afirma. Ele lembrou que a Prefeitura realiza o atendimento no Posto que mantém no Aeroporto desde o primeiro afegão que chegou ao país, com o primeiro acolhimento, fornecimento de alimentação, além de acompanhamento médico e vacinal.
Fábio Cavalcante explicou que a realização da Copa do Mundo no Qatar e o aumento do número de voos vindos do Oriente Médio insuflou a quantidade de refugiados afegãos que desembarcam em Guarulhos e que, por vezes, não têm para onde ir. Segundo ele, em média 30 migrantes afegãos têm chegado ao Brasil diariamente. Atualmente, há cerca de 287 deles acampados em um mezanino do Terminal 2 do aeroporto aguardando acolhimento.
Na entrevista à Folha, ele explica a situação: “Eram quatro voos diários, agora triplicou”, afirma o chefe da pasta. “A imprevisibilidade é o que mais dificulta o planejamento. Guarulhos não sabe quantas pessoas chegam por dia. Tem dia em que chegam 80, tem dia que não chega nenhuma”, segue. Guarulhos tem contado com o suporte do governo federal para questões técnicas, mas o secretário revela que gostaria de vê-lo mais atuante na gestão da crise humanitária que se arrasta há meses.
O chefe da pasta de Desenvolvimento e Assistência Social afirma que a atuação de organizações da sociedade civil têm sido muito importante no processo de acolhimento dos afegãos, e que as doações se multiplicaram após a repercussão de sua situação pela imprensa.
Fábio Cavalcante diz que, na nesta quinta-feira (1º), será aberta uma terceira casa de acolhimento para afegãos em Guarulhos, totalizando 150 vagas no município. Um quarto espaço está previsto para janeiro de 2023.
“Já há uma articulação com o governo federal para mais 800 vagas, mas estamos priorizando essas [casas] primeiro porque burocraticamente é tudo complicado”, afirma. “A falta de política pública federal ao migrante é o que realmente pega. Não há como o município implementar o que não existe a nível federal”, explica.
Na última semana, o secretário foi convidado a conhecer a Operação Acolhida, em Roraima, destinada à recepção de refugiados vindos da Venezuela. “A gente está tentando fazer uma mini-Operação Acolhida com apoio do ministério”, diz.