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Obra na represa Billings não evita água poluída

A obra de emergência definida pela Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) para socorrer o Sistema Alto Tietê durante os meses de seca e evitar o rodízio oficial não impedirá a captação de água poluída da Billings. Isso porque a empresa vai superexplorar um pequeno braço do manancial que está diretamente ligado ao corpo central da represa e também recebe o esgoto do Rio Pinheiros, na zona sul da capital paulista.

O objetivo dessa obra, segundo a Sabesp, é transferir 4 mil litros por segundo do Braço Rio Pequeno da Billings para o Braço Rio Grande, o trecho limpo do reservatório, de onde a estatal pretende enviar o mesmo volume de água para a Represa Taiaçupeba, em Suzano, onde fica a estação de tratamento do Sistema Alto Tietê. Com isso, a empresa espera reduzir mais a dependência da Grande São Paulo do Sistema Cantareira, o manancial mais crítico.

O plano da Sabesp é que as duas obras fiquem prontas ao mesmo tempo, até julho. Embora o Sistema Rio Grande estivesse ontem com 98,3% da capacidade, técnicos da companhia afirmam que, sem o reforço do Braço Rio Pequeno, poderia secar em poucos meses. Isso porque tem apenas 112 bilhões de litros de capacidade, 10% de toda a Billings, e fornece hoje 5 mil litros por segundo para atender 1,2 milhão de pessoas na região do ABC.

A ideia inicial da Sabesp era transferir água diretamente do corpo central da Billings para o Rio Grande, pela barragem Anchieta, que fica sob a rodovia que liga a capital ao litoral sul, em São Bernardo do Campo. O bloqueio foi construído na década de 1980 justamente para evitar que o esgoto despejado do Rio Pinheiros na Billings contaminasse o braço onde a Sabesp faz captação. A medida motivou críticas de ambientalistas e aumentaria o custo de tratamento da água.

Sem barragem

Na semana passada, a companhia desistiu do plano inicial e decidiu simplificar a obra do Rio Pequeno e ampliar a captação para conclui-lo a curto prazo. O projeto original dessa interligação proposto no Plano da Macrometrópole Paulista, concluído pelo governo Geraldo Alckmin (PSDB) em 2013, após cinco anos, previa o barramento do braço Rio Pequeno e ligação com o Rio Grande por túnel, com a transferência de 2,2 mil litros por segundo por gravidade. O custo estimado era de R$ 46 milhões.

Agora, no novo projeto, a Sabesp abriu mão de separar o Rio Pequeno do corpo central da Billings e fará a transferência de 4 mil litros por segundo por meio de uma adutora, o que vai causar gasto de energia elétrica. Segundo técnicos do governo consultados pelo Estado, essa medida fará com que a água do corpo central da represa, de baixa qualidade, invada o braço até agora preservado. Com isso, o custo caiu para R$ 20 milhões.

Segundo a Sabesp, o processo de captação de água do Rio Pequeno é semelhante ao que já é feito no Braço Taquacetuba, situado na zona sul da capital paulista, que também está diretamente ligado ao corpo central da Billings. Desse braço, a Sabesp transfere cerca de 4 mil litros por segundo para a Represa do Guarapiranga. A operação teve início em 2000, quando esse sistema secou e a Sabesp teve de adotar rodízio por três meses. Segundo a companhia, essa água sempre foi usada com “extremo cuidado” e com monitoramento permanente.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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