Nova fase da Operação Publicano deflagrada nesta quarta-feira, 10, pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Paraná em dez cidades cumpriu mandados de prisão preventiva contra 68 suspeitos, sendo 50 auditores fiscais. Entre os alvos estão um amigo pessoal e um parente do governador Beto Richa (PSDB). O grupo é acusado de participação em um esquema de corrupção e sonegação de tributos que teria lesado o erário em até R$ 500 milhões, segundo um ex-auditor que fez acordo de delação premiada.
Também foram pedidas 59 quebras de sigilo bancário, principalmente de empresários. Até esta edição ser concluída, 47 pessoas foram presas. Uma delas é o ex-inspetor-geral de Fiscalização da Receita Estadual Márcio de Albuquerque Lima, parceiro de Richa em corridas de automobilismo que havia sido alvo de mandado de prisão anterior. Ele é apontado pelo Ministério Público como chefe do esquema. O advogado de Lima, Douglas Maranhão, não quis comentar a nova ordem de prisão contra o cliente.
Já o empresário Luiz Abi Antoun – que Richa diz ser seu “parente distante” e que havia ficado oito dias preso em outra investigação, sobre irregularidades em uma licitação do governo – não foi localizado ontem e é considerado foragido. O advogado do empresário, Luiz Carlos Mendes, disse que “não sabia sobre o mandado de prisão” nem sobre o paradeiro do cliente.
Laços
Segundo as investigações, os integrantes do esquema cobravam propina para anular débitos milionários de empresas com o fisco paranaense. Delator do caso, o auditor fiscal Luiz Antônio de Souza afirmou ao Ministério Público que a campanha de Richa recebeu R$ 2 milhões do esquema de propinas, a pedido de Abi, figura influente na gestão tucana que trabalhou no gabinete de Richa quando ele era deputado estadual. O PSDB paranaense nega a ocorrência de caixa 2 na campanha do ano passado.
Segundo o Ministério Público, 13 empresas participaram do esquema de propinas e fraudes. A Justiça aceitou as denúncias feitas contra 62 pessoas: auditores fiscais da Receita Estadual, 15 empresários, 14 “laranjas”, 11 contadores, três auxiliares administrativos, dois funcionários públicos, um policial civil e um administrador de empresas. O grupo responde por corrupção passiva, formação de organização criminosa, falso testemunho e falsidade ideológica, entre outros.
Em nota divulgada ontem, o governo deu a entender que os problemas na Receita seriam conhecidos há três décadas, mas não disse que medidas foram tomadas pela gestão Beto Richa para coibi-los. O governo disse que colabora com as investigações e “defende a punição de todos os envolvidos que tiverem a culpa comprovada”. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.