A Polícia Militar do Paraná executou dois mandados de prisão e realizou uma operação busca e apreensão em um assentamento do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) em Guarapuava nesta sexta-feira, 20. A PM do Estado também encaminhou dez pessoas à delegacia e apreendeu armas, informou o órgão.
A 3ª Vara Criminal de Guarapuava expediu a operação – que teve o apoio do Corpo de Bombeiros Militar e da Polícia Civil – e dois mandados de prisão, em resposta aos protestos nesta quinta-feira. Manifestantes do MST fecharam o km 390 da rodovia PR 170 e agrediram e ameaçaram três policiais. O protesto começou na quarta-feira.
A PM encontrou uma espingarda com um homem. No veículo de outro homem havia uma pistola calibre 9mm, com 20 munições intactas. Outro homem mantinha uma outra pistola com dez munições no carregador. Um quarto homem tinha nove munições de calibre 38 no carro.
Outras seis pessoas foram identificadas como envolvidas nas agressões aos policiais e estão sendo ouvidas pelo delegado de polícia que preside o inquérito.
Os membros do movimento ignoraram uma liminar proibitória para fechar a rodovia expedida pela 1ª Vara da Fazenda Pública de Guarapuava. O MST fez um protesto pra manifestar descontentamento com o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), cobrando a regularização da área de assentados.
Cerca de 300 pessoas de 14 acampamentos fazem parte dos protestos. As comunidades estão localizadas nos municípios de Inácio Martins, Pinhão, Reserva do Iguaçu e Guarapuava, em 75 mil hectares de terras griladas por grandes proprietários, segundo o próprio MST.
"Nosso objetivo é chamar o Incra para vir à negociação", disse um membro. "Não tivemos a resposta dele, viemos ocupando a BR." A via foi liberada ainda na quinta-feira.
Segundo o MST, ao longo dos protestos na quarta-feira e na quinta-feira, houve liberação da via a cada 30 minutos. Uma reunião foi marcada para a tarde da sexta-feira, em Guarapuava, com representantes da Ouvidoria Agrária Nacional, da Ouvidoria Agrária estadual e do Centro Judiciário de Soluções de Conflitos (Cejusc) do Tribunal de Justiça do Paraná.
O presidente da já encerrada Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do MST, Tenente-Coronel Zucco (Republicanos-RS), protestou. "Eu avisei que o MST iria voltar com força após o fim da CPI. Mas o que aconteceu no Paraná é muito sério", afirmou.