Opinião

Organizada, oposição já está no lucro neste 2º turno


A exemplo do que ocorreu em 2002 e 2006, conforme mostram todos os institutos de pesquisa até aqui, o PT entra em vantagem na reta final do segundo turno das eleições presidenciais. Analistas da política e especialistas em eleições garantem que é pouquíssimo provável que ocorra uma virada de última hora.


Apesar do amplo favoritismo de Dilma Rousseff (PT) sobre José Serra (PSDB), existem algumas diferenças marcantes entre esta disputa de 2010 em relação às duas anteriores. Desta vez, a oposição a Luiz Inácio Lula da Silva e ao PT demonstra estar mobilizada, coesa e disciplinada. Uma situação incomum para quem está atrás em todas as pesquisas.


Em 2002 e 2006, Lula deixava claro para que seus oponentes não se unissem contra ele, já que dizimar todos eles não fazia parte de seu projeto. Desta forma, ficava implícita a ideia de que sempre haveria espaço para uma convivência pacífica de contrários. Algo que ficou evidente nos oito anos de seus dois mandatos até aqui.


É evidente agora que, nunca desde as campanhas vitoriosas de Fernando Henrique Cardoso, em 1994 e 1998, viu-se uma ação tão bem organizada em torno do PSDB como esta do segundo turno. Quando procurou jogar decisivamente o peso da máquina federal nas eleições estaduais, Lula emitiu o sinal de que algo tinha mudado na política brasileira habitual em tempos democráticos. Mas o pior mesmo, para ele, foi não ter conseguido. O esforço do presidente para reduzir o peso do PSDB e do Democratas no Senado foi recompensado, mas as incursões nas eleições de governadores resultaram em fiasco.


Desta forma, mesmo se não vencer no próximo domingo, a oposição conseguiu, em diversos estados, a garantia necessária para atravessar confortavelmente os próximos quatro anos, com boas plataformas de lançamento de alternativas em 2014. O senador eleito de Minas Gerais, Aécio Neves (PSDB), é hoje, talvez, o nome mais forte para disputar uma possível sucessão da candidata petista, se ela realmente confirmar nas urnas o que proclamam as pesquisas.


Aliás, frise-se, Dilma enfrenta, neste instante, uma oposição que está no lucro. Afinal, há menos de um mês, muita gente, inclusive importantes lideranças do PSDB e do DEM, já temiam inevitáveis ondas vermelha, que não aconteceram.


Porém, é algo que pode até ocorrer neste momento, quando parte da militância tucana, apesar de – da boca para fora – bradar que ainda é possível uma virada, admitir uma desmobilização no momento final. Afinal, o feriado prolongado soa como uma grande ameaça às pretensões de José Serra, que tem seu eleitorado principal entre as classes média e alta, gente que não pensará duas vezes em pegar a estrada e apenas justificar o voto ou pagar a multa de R$ 4,00 que recai em quem se abstém de votar.


Se, por uma dessas coisas da vida, houver uma improvável mudança de direção, a oposição – que já está no lucro – sairá de 31 de outubro para lá de bem nas fotos.

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