Opinião

O avanço dos carros orientais sobre os nacionais


São Paulo abre oficialmente nesta quarta-feira, dia 27, o 26º Salão Internacional do Automóvel, evento que chega aos seus 50 anos como o principal do gênero em toda a América Latina. Além de reunir expositores dos mais diversos cantos do mundo, o Salão – realizado no já combalido Anhembi – é sucesso de público, ao atrair durante os próximos 12 dias cerca de 600 mil visitantes. Afinal, o brasileiro é um apaixonado por carro.


E as fábricas, atentas ao avanço da indústria automobilística que, ano após ano, bate recordes de produção, atingindo marcas nunca antes imaginadas, buscam se sobressair para sobreviver frente a uma concorrência cada vez mais acirrada. O mito das quatro grandes montadoras nacionais – Volkswagen, Fiat, General Motors e Ford – que durante décadas dominaram o mercado já não prevalece mais. A coreana Hyundai avança a ponto de anunciar que deve terminar este ano já em quarto lugar em vendas. Também chama a atenção o avanço – nos últimos anos – de marcas antes importadas que se estabeleceram com fábricas por aqui, como as japonesas Honda, Toyota e Nissan, e as francesas Citroën, Renault e Peugeot. Todas já são responsáveis por um bom volume de vendas, ocupando uma parcela considerável do mercado.


Porém, o Brasil assiste neste momento a chegada em massa de marcas chinesas, além das coreanas que já se estabeleceram por aqui. Vêm com produtos de qualidade ainda questionável mas com preços muito atraentes, talvez até para criar no consumidor brasileiro a ideia de que o carro, assim como já acontecem com eletrodomésticos e eletrônicos, é um bem descartável para ser usado por alguns poucos anos e depois jogado fora.


Desta forma, as indústrias brasileiras já estabelecidas precisam – e já estão fazendo isso – se adaptar aos novos tempos. Lógico que, para muitos consumidores, vale mais a credibilidade das empresas que contam com um grande número de concessionárias espalhadas pelo país, a imagem das marcas que inspiram confiança e agregam valor no pós-venda. Mas, para muitos, o valor final do produto, no ponto de venda, pode prevalecer. Por que pagar, por exemplo, R$ 50 mil em um carro médio de uma fábrica conhecida e confiável, se – por este mesmo valor é possível adquirir um produto com mais requinte, cheio de equipamentos de série, de uma outra recém chegada ao país?


Nestes momentos, deverá prevalecer o custo benefício que aquele carro pode oferecer. Neste sentido, tomando por base a coreana Hyundai, que vem sistematicamente aumentando sua gama de produtos, ainda de um nível superior, justamente por oferecer mais por valores menores, é possível afirmar que o consumidor está começando a mudar de postura. Acaba a velha fidelidade às marcas tradicionais em nome do que é possível comprar com o mesmo dinheiro.


Por tudo isso, celebra-se um momento particular, em que o consumidor tem – a cada dia que passa – muito mais opções por preços menores. Porém, há que se estabelecer parâmetros de proteção – e não protecionismo – à indústria nacional, no sentido de não prejudicar a geração de empregos no país.

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