Líderes de Austrália, Nova Zelândia, Coreia do Sul e Japão, países membros da organização conhecida como Asia-Pacific Four (AP4), vão participar da cúpula anual da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) pela segunda vez consecutiva. O evento está marcado para 11 e 12 de julho, na Lituânia, e um dos focos de sua programação é o aumento da cooperação em áreas como a segurança marítima e cibernética frente a avanços da China, o que desvia-se do motivo original para a criação da Otan, o de deter ataques da Rússia a países da Europa.
Embora afirme que a Otan é e vai continuar sendo uma aliança regional entre a América do Norte e Europa, o secretário-geral da organização, Jens Stoltenberg, disse ao <i>Wall Street Journal</i> que a região da Ásia e Pacífico enfrenta ameaças que precisam ser tratadas em união com os parceiros globais da Otan.
Isso acontece porque a China empreende esforços para controlar o Mar do Sul da China, ponto de trânsito de trilhões de dólares em comércio global todos os anos. O país também tem investido no crescimento de seu arsenal nuclear e capacidades cibernéticas, o que preocupa tanto países da Europa, quanto da América do Norte e Ásia.
A preocupação da Otan com os avanços da China foi expressada em declarações de líderes da organização pela primeira vez em 2019. Em 2022, foi incluída a primeira referência a esse problema no <i>Strategic Concept</i>, o principal documento que guia as estratégias da organização. "As ambições estatais e políticas coercitivas da China desafiam nossos interesses, segurança e valores", afirmou a Otan, ao citar, também, a aproximação do país com a Rússia.
Ações conjuntas da OTAN e AP4 podem facilitar na preparação para futuras crises, como afirma Yoko Iwama, professor de Relações Internacionais do National Graduate Institute for Policy Studies, em Tóquio. O Reino Unido e o Japão concordaram, no ano passado, em permitir que seus exércitos fizessem mais treinamentos juntos. De acordo com Iwama, uma aliança da Otan com a Ásia e Pacífico faz sentido, uma vez que conflitos na região podem afetar a prosperidade da Europa.
Mesmo assim, autoridades da AP4 afirmam que os países da organização não têm intenção de tornarem-se membros da Otan. "Não há planos ou intenção de iniciar uma aliança militar global, com a extensão da cobertura do Artigo Quinto aos países que estão fora da América do Norte e Europa", disse Stoltenberg, referindo-se ao artigo do Tratado da OTAN que define o compromisso de defesa de qualquer membro que sofrer ataques. Fonte: Dow Jones Newswires.