Pais de pacientes que usam Cannabis para tratamento querem a permissão para o plantio de maconha. A defesa foi feita durante o fórum “Visões Interdisciplinares da Maconha: Evidências, Valores e Fantasias”, realizado entre os dias 11 e 12, na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).
Clárian, de 11 anos, nasceu com síndrome de Dravet, uma doença genética rara que causa crises epilépticas e atraso no desenvolvimento psicomotor. Diante da ineficácia dos tratamentos e medicamentos disponíveis, a mãe de Clárian, Maria Aparecida Carvalho, encontrou uma alternativa no canabidiol, uma das substância presentes na maconha. Com o uso, as crises de Clárian diminuíram de uma média de 16 para duas por mês.
O tratamento de Clárian foi permitido com a retirada do canabidiol da lista de substâncias proibidas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) no início deste ano, o que permite a importação do produto.
Mas Maria Aparecida critica a burocracia e o preço para que isso possa ser feito. Segundo ela, cada seringa com o óleo necessário para o tratamento custa US$ 500 – e Clárian necessita de três por mês. “Não temos tempo a perder, as crises não esperam. Se existe uma planta e é possível cultivá-la, não faz sentido não existirem políticas que permitam o cultivo para fins medicinais e pesquisas no Brasil”, disse Maria Aparecida, membro da Associação de Pacientes de Cannabis Medicinal.
O canabidiol é um entre tantos outros componentes presentes na planta da maconha, os chamados canabinoides. Segundo especialistas, os potenciais terapêuticos destas substâncias são grandes. Elas podem funcionar como anticonvulsivos, analgésicos, anti-inflamatórios, estimulantes de apetite, antidepressivos, ajudar no tratamento do câncer e diminuir os efeitos colaterais de quimioterapia.