Opinião

Pão e circo ao extremo pela manutenção do poder


Muita gente acredita que na política vale tudo. Mas o que a administração municipal de Guarulhos, seguindo a determinação maior do partido que está no poder na cidade há quase dez anos, vem fazendo ao longo deste período eleitoral extrapola qualquer limite de decência com o trato da máquina pública. Por mais que as evidências do uso de pessoal, equipamentos e materias da Prefeitura no comício do PT do início de setembro, geraram a abertura de um processo na Justiça Eleitoral, o prefeito Sebastião Almeida (PT) e seus secretários se colocam acima da lei e da ordem de forma mais do que explícita.


Entre tantas evidências, vale aqui citar dois eventos realizados no Centro de Educação Adamastor, construído a peso de ouro com dinheiro público, na última quarta-feira. Pela manhã, a Secretaria Municipal de Assistência Social reuniu cerca de 600 famílias carentes para entregar um vale de R$ 60 a cada uma delas no lugar das cestas básicas que eram entregues por meio de um programa do governo federal. Óbvio que não se tratou de um evento com cunho eleitoral. Mas é claro que há implicitamente toda uma mensagem subliminar que aquele dinheirinho é fruto da boa vontade do presidente Lula. O resto nem precisa explicar.


À noite, foi a vez do concurso Miss Mister Guarulhos Melhor Idade ser realizado no mesmo local com a presença do prefeito Almeida e sua família, citados insistentemente pelo “mestre de cerimônias” importado de um decadente grupo musical, que organizou o evento e ainda o apresentou. Além de eleger as mais belas senhoras – geralmente mulheres simples que frequentam algum serviço social – de Guarulhos, o evento serviu para uma descabida rasgação de seda, enaltecendo a figura do chefe do Executivo, que chegou a ser chamado mais de uma vez de “melhor prefeito que Guarulhos já teve”. Óbvio que não de se tratou de um evento de cunho eleitoral…. Mas, nas entrelinhas, fica evidente que a continuidade do “maravilhoso” prefeito e de seu partido no poder tem um preço: seu voto.


Nas últimas semanas, Almeida não parou em seu gabinete. Vive nas ruas em inaugurações até de postes. Lógico que não tem cunho eleitoral. Afinal, ele não é candidato. Mas entre uma festa paga com dinheiro público e outra, o prefeito se veste de vermelho e pede votos para os candidatos apoiados pela máquina, junto a comissionados bem pagos também com dinheiro público. Mas, frise-se, nada a ver com o período eleitoral, numa evidente demonstração de desrespeito às normas vigentes, ignorando a capacidade de discernimento do eleitor.


Por tudo isso, o Brasil corre o sério risco de desperdiçar, no próximo domingo, uma das únicas oportunidades que tem para mudar esse estado totalitário que se desenha. O voto é o único instrumento que o cidadão de bem pode utilizar para demonstrar que não é massa de manobra e que não se vende por benefícios que só vêm em véspera de eleição. Porém, muitos ainda preferem se deixar levar por essa velha e desastrosa política do pão e circo que tem como principal objetivo a perpetuação no poder.

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