Opinião

Prazo empurra adiante limpeza da administração


A Prefeitura de Guarulhos ainda não cumpriu a decisão do Tribunal de Justiça de São Paulo que determinava a demissão imediata de todos os comissionados lotados na administração pública municipal, conforme o Guarulhos Hoje informou ainda em agosto. Agora, baseado na tese de que o Município vai promover uma reformulação administrativa, para que “a cidade não tenha serviços importantes paralisados”, vai ganhando prazo.


Para o prefeito Sebastião Almeida (PT), esse tempo a mais cai do céu, já que – se obedecesse a decisão judicial, como deveria -, além de demitir gente competente que realmente trabalha, apesar de não ter passado por um concurso público, seria obrigado a dispensar um grande número de militantes políticos que ocupam lugares na administração apenas para atender aos interesses do PT e de outros partidos aliados. Em um período eleitoral, a decisão poderia ser danosa às candidaturas apoiadas pela máquina administrativa.


Fora desta disputa eleitoral, sempre é importante salientar a importância dos servidores para a administração de uma cidade. Devido a uma parcela menor, que se aproveita desses movimentos políticos e partidários para ocupar cargos importantes na Prefeitura, toda a categoria carrega a fama de terem um emprego fácil. Logicamente há gente séria e competente nesse meio, mas também é verdade que muitos estão em posições que jamais galgariam na iniciativa privada ou por critérios técnicos.


Esses são os piores. Na maior parte, chefetes que tentam se sobrepor a servidores sérios, que fizeram uma verdadeira carreira no serviço público, entrando pela porta da frente por meio de concursos. Gente que – obrigada ou não – acaba carregando a bandeira do partido pelas esquinas da cidade nessa época justamente para não perder a boquinha. Por tudo isso, cresce a importância que eles dão à manutenção no poder a qualquer custo.


O problema maior reside no fato deste custo ser alto para a sociedade. Afinal, a Prefeitura de Guarulhos é hoje um dos maiores empregadores do município, com aproximadamente 26 mil funcionários públicos na administração direta e indireta (Proguaru, Saae e Ipref). Dez anos atrás, antes do PT chegar ao poder, Guarulhos contava com pouco mais de dez mil servidores. Um inchaço superior a 120% em um período que a população e os serviços prestados não cresceram na mesma velocidade.


Espera-se agora que, neste tempo que vem ganhando devido à demora da Justiça em fazer cumprir o que está determinado, Almeida tenha a sensatez de limpar a máquina pública desses comissionados que não trabalham. Que realmente a administração realize o remanejamento necessário, com a promoção de concursos a fim de preencher as vagas derrubadas com a extinção das leis de 1993 e 1994 pelo TJ. Tempo para fazer isso ele terá.

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