Cidades

Papéis trocados

O polêmico projeto de lei do líder do Governo, Eduardo Carneiro (PSB), que tramita na Câmara e determina a proibição do uso de fogos de artifício com estampidos, em Guarulhos, colocou do mesmo lado vereadores da oposição e da situação. A base de apoio a Guti tem parlamentar defendendo e atacando o PL, assim como há petistas dos dois lados. Enquanto o governista Lauri Rocha (PSDB) usou a Tribuna para dizer que é contra, José Luiz (PT) defendeu com unhas e dentes a ideia. 
 
Evolução
Quem é contrário à proibição dos fogos de artifício usa como principal argumento a tradição nas mais diferentes comemorações, desde políticas, religiosas, como esportivas. Lembram ainda que de pouco adiantaria a proibição, se continuará sendo possível ter acesso às bombas no comércio de São Paulo e outras cidades vizinhas. Romildo Santos (DEM), que liderou o bloco dos contras, usou o exemplo da Assembleia Legislativa do Paraná, que nem ao menos deliberou um projeto parecido para ser colocado em votação, de tão absurdo que seria. “Daqui a pouco vão querer proibir de eu gritar gol do Corinthians”, desabafou. 
 
Caçador de passarinho
José Luiz, contrariando o ainda colega de PT Marcelo Seminaldo, que se manifestou contrário ao projeto, afirmou que o PL não proibirá a comercialização de fogos de artifício. Mas limitará as vendas apenas àqueles que não têm estampidos, citando que isso se trata de uma evolução natural da sociedade. “Quando eu era criança eu matava passarinho com estilingue. Isso hoje não pode. Meu neto jamais faria isso”, comparou. Ele defendeu que a sociedade precisa evoluir e que os fogos barulhentos prejudicam principalmente os animais, que ficam indefesos nestes momentos. 
 
Sobriedade
Pode parecer incrível. Mas finalmente a vereadora do PT, Janete Pietá, entendeu que os problemas ocorridos no Portal Flora, empreendimento construído pelo Minha Casa, Minha Vida, uma das principais bandeiras eleitorais de seu partido, não é de responsabilidade da atual administração municipal. Na Câmara, nesta terça-feira, ela reconheceu que a responsabilidade é da Caixa Econômica Federal e da construtora Qualyfest. Disse que foi lá, mas que a entrega do empreendimento “naquelas condições” jamais poderia ocorrer. O projeto tem que ser de qualidade”, reconheceu. Só para lembrar: foi entregue pelo ex-prefeito petista Sebastião Almeida (agora PDT).
 
Para onde foi o dinheiro?
Já o companheiro de partido, Professor Romulo Ornellas (PT), lembrou que o empreendimento deveria destinar 2% do valor investido voltado para os trabalhos técnicos e sociais, o que – no entendimento dele – não houve. “Esse dinheiro foi parar onde?”, bradou. Talvez ele poderia perguntar para seus companheiros de PT, os responsáveis pela obra mal feita e entregue de qualquer forma em 2016, com alguns anos de atraso, inclusive.  
 
Pulo do gato
Romildo Santos, ligeiro, viu na fala do petista o “pulo do gato” que ele esperava. Disse que fará um requerimento para levantar os valores dispendidos em todos os empreendimentos do gênero construídos na cidade nas gestões passadas. Falou até em abrir uma comissão de inquérito, já que considerou grave a consideração de um vereador que era do próprio PT. E citou: “todos que vieram aqui disseram que nunca houve o trabalho técnico e social. 2% de todas essas obras é muito dinheiro. Precisamos saber para onde foram esses valores”, disparou o democrata. 
 

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