No dia da votação da cassação de Eduardo Cunha (PMDB-RJ), seus adversários na Câmara consideram que o processo pela perda dos direitos políticos do peemedebista só ganhou força devido ao impeachment de Dilma Rousseff. Caso o contrário, acreditam que Cunha estaria no comando da Casa até hoje. O ex-presidente costuma adotar o mesmo discurso para alegar que sofre “perseguição política”.
Para o relator do processo no Conselho de Ética, Marcos Rogério (DEM-RO), “só houve cassação por causa do impeachment”. “Se eu fosse ele, falaria sobre os meus feitos durante a fala inicial. Porque ele vai falar a verdade ao dizer que o impeachment motivou a cassação, infelizmente”, declarou. Rogério afirmou que todos os parlamentares sabem que Cunha “atacou e foi atacado (pelo PT)”. “No fim, os dois vão morrer abraçados.”
O deputado Chico Alencar (PSOL-RJ) brincou dizendo que até o ano passado todos os partidos agradavam Cunha, tirando o PSOL e a Rede, autores da denúncia contra o peemedebista no Conselho de Ética.
“Até a aceitação do impeachment, em 2015, todas as grandes forças políticas fizeram afagos no Cunha”, disse o parlamentar. “Os partidos que compõem o chamado Centrão eram fiéis a eles e os outros eram aliados, seja o PSDB para que ele acolhesse o impeachment, seja o PT e o PCdoB para que segurasse. A iniciativa da Rede e do PSOL foi praticamente isolada, então é lógico que o pedido de impeachment acirrou os ânimos”, comentou.
Alencar também avaliou que Cunha era “forte” no governo Dilma, tendo influenciado na demissão dos ministros Cid Gomes (Educação) e Pepe Vargas (Relações Institucionais) e na saída de Henrique Fontana (PT-RS) como líder do governo. “Só quando o PT desistiu de ter ele como aliado é que a nossa representação ganhou força”, concluiu.