Estadão

Para Márcio França, ideia de privatizar Porto de Santos era equivocada

O ministro dos Portos e Aeroportos, Márcio França, defendeu que a ideia de privatização do Porto de Santos, projeto que não chegou a ser concretizado no governo Bolsonaro, era equivocada, mas que isso não significa que o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) seja contra o modelo de privatizações.

"O porto de Santos já é quase todo privatizado, as operações são privadas, o Porto mantém a autoridade pública. Esse é o modelo de 99% do mundo. Vender o CNPJ da autoridade portuária criaria, na minha visão, problemas bem graves. Por exemplo, quem faz a guarda portuária é a autoridade pública, no instante em que não é mais pública, como que faz para fazer aquele mesmo tipo de fiscalização?", questionou o ministro no evento Arko Conference Brasil 2023.

França afirmou ter conversado sobre o tema com o ex-ministro da Infraestrutura do governo Bolsonaro e atual governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos). "Eu disse a ele que esse a privatização do complexo portuário era um dos piores equívocos do governo passado do ponto de vista de logística: imaginar que era possível fazer a venda da autoridade portuária", disse. França avaliou também que a estratégia de interiorização do porto da gestão anterior foi equivocada, na direção contrária de exemplos internacionais. "Todos os principais portos do mundo todo vão exteriorizando, vão entrando <i>offshore</i>, para pegar calado mais profundo sem precisar de dragagem", disse.

O ministro afirmou que o governo atual não tem restrições quanto ao tema das privatizações, desde que com determinados critérios. "Já temos no Brasil 250 terminais portuários privados autorizados. quem quiser fazer terminais, pode fazer. A gente incentiva que faça. Agora vamos manter o público para ficar com alguns casos que achamos estratégicos", argumentou. "Não temos problema de privatizar, agora, tem que ter agência que regule e fiscalizando", complementou.

França criticou ainda a situação estrutural do Porto de Santos na atualidade e fez uma analogia à venda de carros usados para se referir ao que considera ter sido a política de gestão do porto durante o governo Bolsonaro.

"Arrecadaram pela dragagem, acumularam recurso e não fizeram sequer o que tinha que ser feito. Tudo isso na lógica de que imagino sendo privatizado, e, sendo privado, não tinha porque fazer ficar melhor", afirmou o ministro. "É como se tivesse um carro usado e deixasse ficar nas ultimas para vendê-lo. Evidentemente, ele custaria um pouco mais barato porque a aparência vai ser muito ruim", completou.

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