Opinião

Pedágio urbano e novas opções de transportes

Em um primeiro momento, qualquer projeto no sentido de se instalar pedágios em vias onde não há cobrança soa antipopular. E não é para menos. Afinal, o contribuinte brasileiro já paga uma quantidade enorme de tributos e impostos para poder gozar de serviços públicos, infelizmente, de qualidade duvidosa. No caso das rodovias, a partir do momento em que elas passaram para a concessão privada, administradas por empresas, junto à cobrança de pedágios de quem as utiliza veio uma série de melhorias que – inclusive – ajudam a colocar as estradas de São Paulo em destaque de qualidade em todo o país.


Nesta semana, o governador Geraldo Alckmin, a partir de um novo sistema de cobrança que está sendo implantado em algumas rodovias de São Paulo, anunciou que – entre outros trechos – o percurso da rodovia Ayrton Senna, entre a Marginal Tietê e o Aeroporto Internacional, em Guarulhos, passará a ser taxado. Ele defende que os valores sejam proporcionais ao espaço utilizado pelos motoristas, uma forma mais democrática de cobrança, já que hoje se penaliza apenas aqueles que passam pelas praças de pedágio.


Uma análise mais profunda irá concluir que a medida – apesar de mal vista por muitos – será positiva. Entretanto, há ainda alguns passos que deveriam ser dados antes do início efetivo da cobrança. Um deles, sem sombra de dúvidas, é garantir ao cidadão meios de transporte de massa alternativos que permitam ao usuário escolher entre o coletivo e o individual. Ao ter opções, nada mais justo caso ele prefira pagar quando utiliza o próprio automóvel em detrimento, por exemplo, de um trem ou de um metrô. O problema é quando se estabelecem cobranças sem oferecer outras possibilidades viáveis.


No caso da cobrança na Ayrton Senna, há um complicador para o guarulhense. A já saturada rodovia Presidente Dutra tende a servir como rota alternativa de quem pretende chegar ao Aeroporto sem pagar pedágio. Fora isso, quando a via fica congestionada, não demora para que os motoristas invadam a cidade para buscar rotas de fuga. Ou seja, junto à chegada de novos meios de transporte, como o anunciado Trem de Guarulhos, há que se pensar em novas vias para dar vazão ao tráfego local, para que o cidadão não seja de novo o maior penalizado.

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