O Brasil ainda convive com alto índice de perda de água no sistema de distribuição, de 39,2% – número que inclusive subiu entre 2018 e 2019. O dado representa a água disponibilizada que não foi contabilizada como volume utilizado pelos consumidores, seja por vazamentos, falhas nos sistemas de medição ou ligações clandestinas.
Apesar de ser um problema inerente ao abastecimento, o nível é considerado excessivo, sendo um dos gargalos do setor de saneamento no Brasil, já que a redução de perdas significaria maior eficiência das empresas prestadoras de serviços e menor desperdício de recursos naturais. O dado é retirado do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS), cujos números de 2019 foram divulgados nesta terça-feira, 15, pelo Ministério do Desenvolvimento Regional.
O Coordenador Geral de Gestão Integrada na Secretaria Nacional de Saneamento, Luiz Antonio Pazos Moraes, chamou atenção não só para o fato de o número ser alto, mas também para o crescimento do indicador. No SNIS de 2019, o índice de perdas era de 38,5%. "Isso para nós é muito preocupante, está aumentando, é uma deficiência grande, nossos colegas da ANA começam a ligar as antenas", disse Moraes.
Incumbida pelo novo marco legal do saneamento para editar normas de referência para o setor, a Agência Nacional de Águas (ANA) tem como uma das missões elaborar regras para redução progressiva e controle da perda de água. Segundo a proposta de agenda regulatória do órgão, as diretrizes para esse assunto devem ser publicadas em 2022.
<b>Novos dados.</b>
Segundo o SNIS de 2019, 83,7% da população é atendida com rede de água. Houve pouco avanço em relação a 2018, em que o índice era de 83,6%. O nível de investimento em sistemas de água também variou pouco, de R$ 5,75 bilhões para R$ 5,76 bilhões no ano passado. Os dados sobre abastecimento de água pelo Brasil consideram as respostas de 5.191 municípios que participaram da pesquisa, 93,2% do total.
Em relação aos prestadores dos serviços, o quadro também é muito similar ao de 2018, com apenas 8,7% de empresas privadas. O governo espera que essa proporção mude a partir da aprovação do novo marco legal, sancionado em julho, que abre espaço para a iniciativa privada atuar com mais força no setor, ao obrigar que os municípios abram licitações quando forem delegar os serviços de saneamento.