A Petrobras divulgou nesta sexta-feira, 14, novo comunicado sobre a apresentação de resultados do último trimestre, na próxima segunda-feira. Em menos de 24h, é a terceira tentativa da estatal de explicar como irá expor seus dados financeiros e por que não cumpriu os prazos legais de apresentação do balanço contábil. Ainda não tem qualquer previsão sobre uma data para apresentar o relatório completo.
As reviravoltas e dificuldades de informar claramente suas ações expõem o nível de desorientação que a estatal enfrenta diante do que chama de “um momento único” de sua história: a avalanche de denúncias de corrupção que assolam a companhia desde março. Internamente, funcionários relatam um clima tenso e até um temor sobre a assinatura de contratos e despachos, diante da dimensão das investigações da Operação Lava Jato deflagrada hoje pela manhã.
No comunicado, enviado somente à imprensa, a companhia esclarece que a teleconferência marcada para a próxima segunda-feira, dia 17, irá apresentar “resultados operacionais e informações sobre o adiamento da divulgação das demonstrações contábeis”. A estatal informou também que “espera divulgar” até 12 de dezembro apenas “uma versão” dos resultados, ainda “não revisada pelos auditores”.
“A Petrobras ainda não tem data prevista para a divulgação do resultado do terceiro trimestre com o relatório de revisão dos auditores externos. Assim que esta data for definida, a companhia compromete-se a comunicar com antecedência mínima de 15 dias a data desta divulgação”, informa a terceira nota encaminhada sobre o tema.
A nota reforça o teor do comunicado divulgado ao mercado mais cedo informando que haveria, sim, apresentação de resultados “operacionais” da companhia na segunda-feira. O mercado chegou a especular que a divulgação ocorreria ainda nesta sexta-feira, o que não ocorreu até o momento. O comunicado da manhã, divulgado antes da abertura do mercado de ações, contradizia outro comunicado, divulgado ontem, em que a Petrobras adiava a apresentação de resultados.
Pelas informações divulgadas ontem pela estatal, a nova data limite para apresentação dos relatórios completos, já com a revisão dos auditores seria o dia 12 de dezembro. A medida contrariava normas internas da estatal e de seus títulos de endividamento, que obrigam a companhia a publicar as informações mesmo sem aprovação de auditoria externa.
O adiamento também ignorava a determinação da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) sobre o prazo máximo para apresentação de resultados financeiro, de 45 dias após o encerramento do trimestre.
A medida foi tomada após a revelação, pelo Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, que os auditores da PricewaterhouseCoopers (PwC) se negaram a aprovar o balanço trimestral. Eles decidiram aguardar a conclusão da análise sobre a auditoria interna da estatal sobre os casos de corrupção relacionados à refinaria Abreu e Lima (Rnest), ao Comperj e também à compra da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos.