Às vésperas da reunião do conselho de administração que, finalmente, poderá pôr um fim à novela do atraso na divulgação do balanço financeiro de 2014, a diretoria Financeira da Petrobras corre contra o tempo para conseguir unanimidade na aprovação dos números que serão apresentados. O diretor Financeiro da petroleira, Ivan Monteiro, tem se reunido previamente com os conselheiros para detalhar o trabalho feito para chegar aos números que devem ser divulgados, segundo fontes ouvidas pelo Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado.
Daqui a uma semana, na reunião do conselho de administração, os conselheiros tomarão conhecimento do resultado financeiro da companhia no ano passado e também do prejuízo causado pela corrupção ao patrimônio.
Concluído o cálculo, a diretoria agora está focada no consenso em torno do resultado financeiro entre os conselheiros para evitar, ao máximo, possíveis questionamentos. Assim, espera conquistar também a credibilidade e ter novamente as portas abertas entre os investidores.
O principal alvo de Monteiro tem sido os conselheiros independentes que representam os donos de ações ordinárias e preferenciais – Mauro Cunha e José Monforte, respectivamente – e também os empregados – Silvio Sinedino. Juntos, os três são os mais críticos aos projetos apresentados pela diretoria e costumam se opor ao demais colegas de colegiado, representantes da União.
Cunha, Monforte e Sinedino deixarão o conselho nessa reunião de quarta-feira e não têm nada a perder na relação com a Petrobras ou o governo, mas poderiam, no futuro, vir a responder pela aprovação do balanço, pois seus nomes deverão constar no resultado financeiro do ano passado, marcado pelas denúncias de corrupção.
Ao todo, o conselho de administração da Petrobras conta com nove conselheiros. “O que eles querem é uma partida de nove a zero e não de seis a três. Isso fará toda diferença na aceitação dos números pelo mercado. Mas tudo dependerá do que será apresentado”, disse uma fonte envolvida no processo de aprovação do resultado.
Dois principais entraves à divulgação já foram ultrapassados e demonstrados aos conselheiros. A metodologia de cálculo do rombo causado pelo desvio de recursos tem sido exaustivamente detalhada e já não há mais suspeitas sobre os profissionais que participaram da produção do balanço financeiro. A empresa de auditoria PricewaterhouseCoopers (PwC) se negava a assinar o balanço até que fossem afastados do trabalho todos os suspeitos.
Os conselheiros devem receber nesta quarta-feira a pauta do encontro do dia 22, com as informações prévias do que será discutido na reunião. Mas os principais números não devem ser conhecidos ainda.