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Pilotos de voos que saíram de Guarulhos relatam luzes estranhas no céu e se referem a OVNIs

O surgimento de luzes no céu de Porto Alegre intrigou pilotos e controladores de voo na noite desse sábado (5/11). Apesar de parecer com a iluminação de uma aeronave, equipes do Aeroporto Salgado Filho afirmam que não havia nenhum outro avião na região no momento. O caso foi registrado pela Central de Controle do aeroporto por volta de 23h. Em vídeo, o diálogos entre os comandantes e a controladora de tráfego aéreo é detalhado.

De acordo com os relatos, as luzes acendiam, apagavam e se moviam rapidamente, mas não impediram o tráfego das aeronaves. O piloto do voo TAM 3406, que decolou de Guarulhos (SP) para Porto Alegre, descreveu a aparição das luzes, que, segundo ele, “às vezes é uma, às vezes duas ou três”. O piloto do voo Azul 4657 também disse ter avistado as luzes desde o aeroporto de Confins, em Belo Horizonte. Segundo ele, as luzes eram em “aspiral”, girando bem forte.

Não foi a primeira vez que isso ocorreu. Pilotos de aviões comerciais que, em rota similar, com destino ou em direção a Porto Alegre, avistaram luzes estranhas nos céus semanas atrás, criando uma polêmica na aviação comercial sobre um novo caso de OVNIs (Objetos Voadores Não Identificados) nos céus do Brasil, mais especificamente em Santa Catarina. A notícia já havia alcançado destaque com o voo Azul 4517, um Airbus 320, depois que o áudio da conversa entre o piloto e a torre de controle caiu no Youtube, conforme apurou o GuarulhosWeb a partir de notícias publicadas por mídias ligadas à aviação civil e grupos que investigam OVNIS no Brasil.

Segundo os relatos, em 25 de outubro, por volta das 22h30,  o piloto descreveu uma luz intensa que parecia girar (“fazer um 360”), mostrando intermitência. Esta semana, o pesquisador Rony Vernet publicou em seu canal no Youtube áudios de outros diálogos entre a torre de controle de Porto Alegre e cinco voos nos quais os pilotos foram orientados a entrarem em contato por telefone com o Centro de Controle da Defesa Aérea, em Curitiba (CINDACTA II).

A coletânea é um resumo dos casos coletados pelo canal Câmera Aeroporto Salgado Filho. Desta vez os diálogos são do dia 31 de outubro e os horários estavam próximos daquele registrado no avistamento anterior. Coincidentemente, por ser um voo regular, uma das aeronaves é o mesmo voo Azul 4517 do primeiro relato, que havia saído de Guarulhos.

Além do 4517, desta vez estavam envolvidos os voos Gol 1270 (Guarulhos – Porto Alegre, um Boeng 737), Azul 4226 (Porto Alegre – Florianópolis, um Embraer E19SAR), Azul 4634 (RJ – Florianópolis, um Airbus A320) e o Azul 4708 (Campinas – Porto Alegre, um Airbus A321).

As conversas vazadas não deixam claro se todos os voos contatados de fato avistaram as luzes. Mas pelo menos dois deles confirmam ver as luzes à distância. Um deles é novamente o Azul 4517. “Elas estão bem no horizonte, pouco acima da camada de nuvens. São duas. Elas acendem, voltam a apagar e acendem novamente. Uma sobreposta à outra”

Outro a confirmar as luzes foi o piloto do Gol 1270. “Duas (inaudível) ali, próximas do litoral, próximas à linha do horizonte. Com uma luz solitária, estática, em alta altitude. E após (inaudível)”.

A seguir, o piloto do voo Azul 4226 também é chamado pela operadora e instruído a fazer contato com o Controle Aéreo de Curitiba. O piloto destaca que “o Azul 4226 não reportou (luzes)”. Então a operadora enfatiza que se tratava de uma ordem do Centro (de Controle Aéreo) de Curitiba, e ela tinha uma lista de cinco aeronaves às quais estava dando a instrução.

As duas aeronaves seguintes a receberem a instrução, o Azul 4634, que voava com destino a Florianópolis, e o Azul 4708, fazendo a rota Campinas – Porto Alegre, aparecem no áudio apenas recebendo a instrução.

O que poderia ser

Antes da divulgação dos novos áudios, o pesquisador Jorge Uesu Junior levantou uma hipótese interessante em seu canal OVNIS e Mistérios em Geral – OMG, no Youtube. Em vídeo, usando gráficos coletados a partir de recursos do Google Earth e dados de voo do Azul 4517 em aplicativo de monitoramento, Uesu cogitou a possibilidade do primeiro relato, de 25 de outubro, ter sido provocado por um farol marítimo.

Ocorre que a posição das luzes — segundo o piloto, quase “às 12 horas”, e depois “às 11 horas” — significa dizer que o suposto objeto estava bem de frente para a aeronave (“proa”). As condições climáticas no primeiro avistamento permitiam uma visão absolutamente perfeita do horizonte. E exatamente no ângulo indicado pelo piloto (de “11 a 12 horas”) existem pelo menos três faróis marítimos: Itapuã, Capão da Marca e Farol da Barra.

Dependendo do ângulo da aeronave, em alguns momentos os faróis de Itapuã e da Barra ficariam praticamente sobrepostos.

Contatamos o pesquisador para que avaliasse os novos relatos e, pelas posições, direções de voo e condições climáticas, ele considera que sua hipótese continua valendo.

Uesu não afirma categoricamente que tratavam-se de fato dos faróis, mas é impressionante a coincidência de posição. Ele ressalta ainda haver dúvidas sobre a visibilidade das luzes dadas as grandes distâncias (entre 285km e 590km) dos faróis até as aeronaves.

É difícil avaliar essa visibilidade apenas por dados de alcance dos faróis a depender de condições ideais e de fenômenos de refração atmosférica. Ainda assim, Uesu termina sua análise com uma comparação interessante, mostrando como barcos de pesca com luzes muito menos potentes são facilmente observados a partir da Estação Espacial Internacional, a 400km de altitude.

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