Oscar Pistorius é um homem destruído, cujo estado mental se deteriorou nos últimos dois anos. Por isso, ele deve ser hospitalizado e não preso, afirmou um psicólogo nesta segunda-feira, em depoimento da defesa do paratleta, no dia de abertura da audiência de sentença do sul-africano pelo assassinato da sua namorada, Reeva Steenkamp.
Chamado por advogados de defesa de Pistorius, o psicólogo Jonathan Scholtz disse que o paratleta está “muito doente” e luta contra a depressão e o transtorno de estresse pós-traumático. Scholtz avaliou Pistorius em 2014, durante seu julgamento por assassinato, e novamente em maio deste ano.
O psicólogo disse considerar que Pistorius não tem condições de testemunhar nas audiências de sentença por causa de seus problemas psicológicos. “A condição do senhor Pistorius piorou desde 2014”, afirmou Scholtz. Ele disse que o astro agora está “desanimado, letárgico e deixa o seu futuro nas mãos de Deus”.
Os promotores contestaram imediatamente essa opinião sobre Pistorius, lembrando que o atleta olímpico confrontou uma testemunha da polícia no tribunal em ocasião anterior. Gerrie Nel também destacou que o paratleta recentemente concedeu uma entrevista para a TV.
Ele haviam representado Pistorius como uma figura arrogante com senso de direito e amor pelas armas. Nesta segunda-feira, Nel questionou Scholtz sobre como alguém que sofre do transtorno de estresse como Pistorius poderia tornar-se irritado e agitado.
Nel se referia a um incidente envolvendo Pistorius e uma testemunha da polícia,
aparentemente tentando mostrar que o paratleta não mudou e ainda poderia ser um perigo potencial para os outros.
Em seu depoimento, o psicólogo disse que a prisão de Pistorius não é “psicologicamente ou socialmente construtiva”. Em vez disso, defendeu que o paratleta se trate em um hospital, e, em seguida use suas habilidades e experiência na caridade para voltar à sociedade ajudando as pessoas desfavorecidas e deficientes, em particular os jovens.
Ele observou que Pistorius havia vendido suas armas de fogo, tornou-se nervoso mesmo com o som de tiros em televisão, e era improvável que recorresse à violência novamente.
Ele também disse que Pistorius foi submetido a várias “experiências traumáticas e humilhantes” durante o ano que passou na prisão, inclusive sendo forçado a tomar banho sentado no chão por causa de sua deficiência. Pistorius passou 18 horas por dia em confinamento solitário na prisão, disse Scholtz, e foi tratado “como um animal em uma gaiola”.
Nel questionou algumas das acusações de Scholtz, entre elas as de que Pistorius disse ao advogado que ouvira um preso ser estuprado por outro, e depois viu o corpo de uma pessoa que havia se enforcado.
O procurador também disse que Pistorius não ficou confinado à sua cela durante 18 horas por dia, tendo permissão para caminhar na sua ala na prisão, compartilhada com apenas um outro detento. “Ele reclamou sobre tudo”, disse Nel sobre o período em que Pistorius ficou na prisão.
Os advogados de Pistorius tentam conseguir uma pena menor da juíza do caso. A África do Sul tem uma pena mínima de 15 anos de prisão para assassinato, mas ele pode ser reduzida em algumas circunstâncias. A audiência de condenação está marcada para a próxima sexta-feira.
Pistorius foi inicialmente condenado a cinco anos de prisão em 2014, tendo cumprido um ano antes de ser transferido para prisão domiciliar, por assassinato culposo, quando não há intenção de maatar, de Reeva em 2013. Esta decisão foi revogada no ano passado pelo Supremo Tribunal da África do Sul, que condenou Pistorius por homicídio doloso. A juíza Thokozile Masipa, que inicialmente absolveu o paratleta da responsabilidade pelo assassinato, está presidindo a audiência de sentença.