Após tomar conhecimento da morte do jovem Mizael Fernandes da Silva Lima, de 13 anos, no município de Chorozinho, interior do Ceará, a 70 km de Fortaleza, o governador Camilo Santana determinou o afastamento dos policiais militares envolvidos no caso enquanto durarem as investigações. A versão da família é de que agentes do Comando Tático Rural (Cotar) entraram na residência e atiraram no garoto, que estava dormindo. Já os policiais alegam que Mizael estava de posse de uma arma de fogo e se negou a entregar.
"Logo após tomar conhecimento desse fato, determinei imediata, rigorosa e isenta investigação. Não tenha dúvida de que a família e a sociedade terão uma resposta", disse o governador.
Por meio de nota, a Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social do Ceará (SSPDS) informa que o inquérito policial que investiga a morte de Mizael foi transferido para a Controladoria Geral da Disciplina dos Órgãos de Segurança Pública e Sistema Penitenciário (CGD), órgão que dispõe de autonomia para apurar a responsabilidade disciplinar de todos os servidores integrantes do grupo de atividade de polícia judiciária, policiais militares, bombeiros militares e agentes penitenciários do Ceará.
Em paralelo, a Polícia Militar do Ceará (PMCE) instaurou um Inquérito Policial Militar (IPM) com a finalidade de apurar a conduta dos militares envolvidos na ocorrência, que foram afastados do serviço operacional provisoriamente enquanto a investigação estiver em curso, estando assegurado os princípios constitucionais do contraditório e da ampla defesa.
Segundo a tia de Mizael, Lizangela Rodrigues, que abrigou o adolescente, os policiais foram questionados pela família sobre a arma que estaria na casa. "Se havia arma por que eles também não me prenderam, já que a casa era minha? Eu deixei eles entrarem porque eu não devo nada à polícia, então não tenho o que temer", declara.
<b>O caso</b>
Mizael Fernandes da Silva Lima foi morto na madrugada da última quarta-feira, 1°, com um tiro disparado por policiais militares do Cotar, enquanto dormia na casa da tia, Lizangela Rodrigues, em Chorozinho, interior do Ceará. Após o disparo, os policiais retiraram o menino de casa e levaram até o hospital do município, mas ele não resistiu.
A família relata que também foram levados o edredom e o travesseiro do menino. O assassinato comoveu os moradores da região que chegaram a protestar ateando fogo em pneus e árvores, bloqueando o km 70 da BR 116 por cerca de uma hora. Comerciantes também baixaram as portas em luto por Mizael.