Opinião

Pobre Guarulhos diante de seus problemas quase que insolúveis


Entra ano, sai ano. Muda a administração. Anuncia-se soluções. Constroem albergues. E nada muda. Quem chega ou sai de Guarulhos pelo milionário Viaduto Cidade de Guarulhos, pela avenida Paulo Faccini, tem a noção exata da miséria humana e ausência de autoridade por parte do poder público municipal em relação a um problema que não é apenas do nosso município. Os moradores de rua, gente descartada pela sociedade, vivem livremente nas praças públicas. Eles se instalam em qualquer canto em busca de migalhas desprezadas pela população.


 


Lamentavelmente, os serviços de assistência social pouco fazem em busca de soluções. Muito menos por omissão mas mais pela dificuldade em lidar com esse tipo de situação. Não é possível – nem se pode admitir – colocar esses seres humanos em cima de um caminhão e descartá-los em qualquer local, como se fosse possível esconde-los sob algum tapete.  São pessoas que – bem ou mal – têm histórias de vida e que precisam ser respeitadas. De forma infeliz, tornaram-se marginais em uma sociedade marcada pela desigualdade.


 


Porém, não se pode também achar que é assim mesmo e aceitar uma convivência pacífica com esse grupo de pessoas. Muitos, por opção ou por falta de orientação, entregam-se às bebidas e às drogas. Pinga e crack passam a ser os grandes objetos do desejo – e da própria sobrevivência – de quem prefere as sarjetas a locais apropriados. Não se pode negar que a Prefeitura de Guarulhos promove ações constantes no sentido de tirá-los das ruas. Mas como mostrou reportagem publicada ontem pelo Guarulhos Hoje, vários deles não se sujeitam as regras necessárias impostas pelo Albergue Municipal.


 


Não seria aceitável, por exemplo, que os responsáveis pela Assistência Social admitissem o uso de drogas nas instalações do Albergue, por exemplo. Nem tampouco permitir que o local funcionasse sem o mínimo de regras, que determinam a boa convivência entre aqueles que o utilizam. A impressão que se tem é a de que se houvesse dez vezes mais vagas nesses espaços apropriados sempre haveria aqueles que não querem se submeter à lei e à ordem. Afinal, tirando as exceções, sempre existem aqueles que se aproveitam do ambiente das ruas para promover furtos e roubos.


 


Neste sentido, pessoas de bem – moradores e comerciantes – das vias tomadas por esses habitantes das ruas se vêem alijadas do direito de ir e vir sem serem abordados. As cenas protagonizadas diariamente na praça no pé do Viaduto são deploráveis, mas reveladoras. Evidenciam a incompetência que todos temos em lidar com uma situação real, que incomoda e fere. Que machuca no fundo da alma tanto quem assiste como aqueles que protagonizam, por querer ou não, esses dramas da vida real. Soluções? Difíceis. Mas necessárias. Para o bem de todos.


 

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