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Pojeto de escola estadual recria imagem de Pelé em braille para aluno cego

Desde a morte de Pelé no fim de 2022, vítima de complicações de um câncer no cólon aos 82 anos, diversas ações ocorreram ao redor do mundo para homenagear o Rei do Futebol. No Paulistão, por exemplo, todas as partida têm um minuto de silêncio em sua memória. Na baixada santista, região que eternizou a camisa 10, a homenagem foi na sala de aula: em uma escola do Guarujá, um simples projeto se transformou em uma maneira de honrar o jogador e, ao mesmo tempo, trabalhar a inclusão de crianças com problemas na visão.

Na Escola Estadual Presidente Tancredo Neves, a professora Marcela Pimentel Leopoldino emocionou alunos, colegas e familiares ao liderar um projeto que conseguiu adaptar a imagem de Pelé para uma criança cega. Ao Estadão, a profissional conta que, ainda nas férias, pensava em uma forma de honrar o legado de Pelé. "Sempre pensamos em formas de colocar o aluno no centro do aprendizado, e dessa vez não foi diferente", afirma.

Intitulado "O Menino que foi Protagonista na sua História", o projeto buscou despertar a relevância de cada um dos alunos do 5º ano da escola. "A ideia era mostrar a eles que o protagonismo está além do personagem principal das novelas ou dos filmes." Por meio de desenhos e produções artísticas, os alunos puderam aprender mais sobre a história de Pelé.

Alguns puderam vê-lo pela primeira vez, como foi o caso de Yuri Silva, de 10 anos, único menino cego da classe. Com auxílio de Camila Jessica, professora auxiliar e especialista em braille, o desenho de um dos alunos foi adaptado para que pudesse ser compreendido por Yuri. O que era para ser interpretações artísticas do Rei, em cartolina ou em pequenas maquetes, se transformou em um exemplo de inclusão.

Marcela pediu para que Thallys Gabriel, também de 10 anos, desenhasse Pelé. "Ele ainda perguntou se poderia desenhá-lo velho", brinca a professora. Depois, Camila foi responsável pela técnica de punção na obra. "Com o desenho, Yuri conseguiu descrever os cabelos, olhos e até a bola que ele (Pelé) segura na imagem", conta.

A ideia do projeto era mostrar a imagem de Pelé para as novas gerações. "Alguns alunos chegaram a mim e falaram que queriam ser igual ao Pelé. Isso nos enche de alegria", explica Marcela. Com "protagonismo", a escola buscou explicar os motivos que levaram o jogador a ser chamado de Rei do Futebol, desde sua trajetória até suas conquistas.

Além do desenho, os alunos também produziram uma pequena biografia sobre Pelé – igualmente adaptada para a linguagem em braille. "Foi muito especial ver que uma ideia simples ganhou apoio de professores e de toda a escola", relata Marcela. Yuri, um dos protagonistas da história, frequenta a Associação de Amigos Cegos em Santos pela manhã e à tarde cursa o 5º ano na escola estadual.

A escola se localiza em uma comunidade carente do Guarujá, no bairro Jardim Primavera, mas busca sempre adaptar seus projetos àqueles mais necessitados. Com a figura do Rei, a história de Yuri e da instituição ganhou repercussão nacional. "Não tem como deixar de se emocionar com o contato dos alunos com a história do Pelé", diz Marcela.

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