Estadão

Policiais e agentes penitenciários são presos por suposta ligação com milícia

Sete pessoas foram presas em operação da Polícia Civil do Rio, da Corregedoria da PM e do Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ), na manhã desta sexta-feira, 20, contra agentes públicos supostamente aliados da maior milícia do Estado. Entre os alvos detidos, estão dois PMs e cinco agentes penitenciários.

Policiais da Delegacia de Repressão ao Crime Organizado (Draco) cumprem dez mandados de prisão e onze de busca e apreensão. Na casa de um dos policiais penais, a força-tarefa apreendeu dinheiro e armas.

A delegada Ana Lúcia da Costa Barros, mulher de um dos agentes presos nesta sexta-feira, também é investigada. As ordens foram expedidas pela 1.ª Vara Criminal Especializada da Capital.

"Até o presente momento, não houve constatação do envolvimento da delegada com a milícia", afirmou o delegado titular da Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco), Thiago Neves.

O promotor André Cardoso, do MP do Rio, afirmou que o caso da delegada está sendo analisado.

"Estamos analisando para saber se houve a participação dela, se vai ser oferecida denúncia ou se vão ser aprofundadas as investigações contra ela", disse.

Segundo a investigação, os agentes públicos repassavam informações privilegiadas aos membros da organização criminosa. Eram dados como posicionamento de viaturas e detalhes de investigações em andamento. Havia, concluíram os promotores "evidente prática de corrupção e pagamentos entre milicianos e serventuários do sistema prisional".

A investigação é conduzida pelo Grupo de Atuação Especializada no Combate ao Crime Organizado (Gaeco) em parceria com Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas e de Inquéritos Especiais (Draco/IE).

Os agentes sob suspeita também atuariam na milícia da região de Campo Grande e Santa Cruz, na zona oeste do Rio. De acordo com a investigação, eles tinham trânsito junto a Luiz Antônio da Silva Braga, o Zinho. Ele é irmão e sucessor de Wellington da Silva Braga, o Ecko. Antigo chefe do bando, Ecko foi morto pela Polícia Civil em junho do ano passado.

De acordo com a força-tarefa, a investigação começou com apreensão de um celular, em abril do ano passado. O aparelho foi recolhido na casa de Francisco Anderson da Silva Costa, o Garça. Ele era um dos homens de confiança de Ecko.

"Após uma tentativa de prisão do miliciano Garça, foram apreendidos cinco telefones. Nessa investigação, foi apontada a participação de agentes públicos. Participação essa que mudou com o tempo. Antigamente a gente via egressos da polícia como lideranças. E hoje já não se observa mais esse fenômeno. A participação se restringe mais a passar informações sigilosas", explicou Thiago Neves.

O <b>Estadão</b> não localizou a defesa da delegada Ana Lucia da Costa Barros para que comentasse as suspeitas da Policia.

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