Por alta no preço, Abras diz para consumidor trocar arroz por macarrão

O presidente da Associação Brasileira de Supermercados (Abras), João Sanzovo Neto, afirmou nesta quarta, 9, que o setor deve promover uma campanha para estimular o consumidor a substituir o arroz pelo macarrão. Segundo ele, não há prazo para que o preço do produto seja reduzido no varejo.

"Vamos promover o consumo de massa, macarrão, que é o substituto do arroz. E vamos orientar o consumidor que não estoque (arroz)", disse ele, depois de se reunir com o presidente Jair Bolsonaro, em Brasília, para falar sobre a questão do aumento dos preços dos produtos da cesta básica.

O preço dos alimentos foi um dos destaques para a alta da inflação oficial em agosto. O IPCA ficou em 0,24% – maior porcentual para o mês em quatro anos (mais informações na pág. B8). Dois produtos chamaram a atenção: o arroz, com valorização de 19,2% no ano, e o óleo de soja, que subiu 18,6% no período.

Não é a primeira vez que uma recomendação como essa é feita para o consumidor. Em 2014, no governo Dilma Rousseff, o então secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda Márcio Holland sugeriu trocar o consumo da carne vermelha por outros alimentos mais baratos, como ovos e aves.

Questionado sobre a fala de Bolsonaro nos últimos dias, que chegou a pedir "patriotismo" aos donos de supermercado e para que trabalhem com lucro "próximo de zero", Sanzovo Neto disse ter relatado ao presidente que o setor "já está fazendo isso". "Sempre fizemos isso nos produtos essenciais", declarou o executivo a jornalistas.

O presidente da Abras foi informado pelos próprios jornalistas que a Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon), ligada ao Ministério da Justiça, havia notificado empresas e associações ligadas à produção, distribuição e venda de alimentos da cesta básica para explicar a alta nos preços dos produtos. Ele respondeu ter sido pego de surpresa pela informação. Pela notificação, os empresários terão cinco dias para responder aos questionamentos.

<b>Vilão</b>

Sanzovo Neto disse ainda que os mercados não são "os vilões" da inflação da cesta básica e que o problema está ligado ao excesso de demanda, principalmente no exterior, e à falta de oferta. Na prática, isso significa que falta produto e, por isso, o preço aumenta.

"É a lei de mercado, é oferta e procura. Se você tem menos produtos sendo ofertados, e no caso foi exportado, muitos dos nossos produtos estão sendo exportados, o produtor prefere exportar porque o câmbio está alto e tem uma receita maior do seu produto", justificou.
As informações são do jornal <b>O Estado de S. Paulo.</b>

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