O presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), Jerome Powell, reforçou nesta quarta-feira, 8, que os dirigentes da autoridade monetária analisarão uma série de dados econômicos que ainda vão ser divulgados antes de tomar uma decisão sobre a trajetória futura dos juros. Em audiência na Câmara dos Representantes dos Estados Unidos, Powell reiterou que, de qualquer forma, os indicadores recentes sugerem que a taxa terminal será maior que o previsto anteriormente.
O banqueiro central acrescentou que o Fed está ciente dos efeitos "defasados" da política monetária e explicou que a desaceleração no ritmo de aperto foi uma maneira de avaliar esses impactos. Segundo ele, os bancos americanos continuam fortemente capitalizados.
<b>Inflação</b>
O presidente do Federal Reserve ressaltou que a inflação "não cai sozinha", a menos que seja movida por fatores transitórios. Ele notou que a inflação sobre bens, impulsionada por problemas nas cadeias de produção derivadas da pandemia da covid-19, teve queda recente, conforme essas dificuldades são contornadas. Há, porém, inflação que não está relacionada a esses fatores transitórios, que precisa ser contida, apontou.
Ainda comentou que reagir em sua política ao orçamento do governo federal não é algo no escopo do Fed, mas o BC monitora os níveis de dívida e seus efeitos.
Powell disse também que o Fed não almeja um nível particular para os salários, mas se concentra em seu mandato de inflação na meta de 2% e máximo emprego.
Ainda segundo o presidente do BC, os grandes bancos americanos almejam uma "abordagem uniforme" nas regulações relacionadas ao clima.
<b>Meta de inflação, dívida e dólar</b>
O presidente do Federal Reserve reafirmou que não há a intenção de alterar a meta de inflação de 2% da instituição. Ele também comentou que os EUA estão em "trajetória insustentável" em sua dívida, o que precisa ser corrigido, sem citar datas.
Powell foi questionado em outro momento sobre o dólar e considerou que ele não parece sofrer "grande ameaça" de perder seu status de moeda de reserva global. Ainda para o dirigente, o Fed deseja que os salários aumentem no país, mas é preciso que esse movimento acompanhe o avanço da produtividade, a fim de não impulsionar a inflação.
<b>Recessão</b>
Jerome Powell afirmou também que a instituição não deseja "provocar uma recessão", mas está concentrada em levar a inflação de volta à meta de 2%. Durante a audiência, ele defendeu a importância de controlar o nível dos preços.
Em outro momento de suas respostas a questões de deputados, Powell notou que um recuo na globalização poderia produzir inflação mais elevada, e consequentemente levar a juros mais altos. Sobre o mercado de trabalho, ele comentou que pode haver dificuldades para mensurar perfeitamente os números de trabalhadores informais.