Os preços dos alimentos na capital paulista dão sinais de que a resistência de alta dos últimos dois meses está ficando para trás. No Índice de Preços ao Consumidor (IPC) da segunda leitura do mês, divulgado nesta terça-feira, 20,o grupo Alimentação teve desaceleração relevante, ao atingir 0,06%, após 0,55% na primeira medição, conforme a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe).
“Os preços estão surpreendendo para baixo. O grupo veio com uma alta praticamente um terço menor do que esperávamos. Há vários produtos em queda e esse movimento deve continuar nas próximas semanas”, avaliou o coordenador do IPC, André Chagas, que estimava 0,15% para o grupo Alimentação na segunda quadrissemana (últimos 30 dias terminados no dia 15). O IPC, por sua vez, atingiu 0,01%, ante 0,05% na primeira.
Em razão da surpresa, Chagas diminuiu a projeção para o IPC fechado deste mês, de 0,20% para 0,08%. Se a taxa for confirmada, ficará menor que a de 0,11% apurada em agosto deste ano e também inferior à de 0,66% de setembro do ano passado.
Ele ressaltou que os preços de alimentos subiram muito nos últimos dois meses, especialmente in natura, como alguns legumes e tubérculos, além de leites. “O caso mais emblemático é o de leites. A sazonalidade (favorável) foi retardada por causa de choque de oferta. Agora, estão devolvendo as altas. Ajuda na formação das expectativas de inflação no médio prazo e traz certo alívio para a política econômica”, disse o coordenador.
A categoria de leites saiu de uma queda de 1,71% na primeira quadrissemana do mês para recuo de 6,27% no IPC da segunda leitura. Com isso, o segmento de semielaborados cedeu 0,74%, ante baixa de 0,42%.
Já os in natura tiveram queda de 1,12%, após elevação de 0,38%, enquanto os industrializados subiram 0,95%, depois de 1,34%. “Já é a terceira semana de desaceleração dos industrializados. Praticamente todos os componentes ajudaram na descompressão. Como o subgrupo tem peso importante, de mais de 40% de participação no grupo Alimentação, ajuda a suavizar”, avaliou Chagas.
A expectativa da Fipe é que o grupo Alimentação migre para o campo da deflação na terceira quadrissemana, podendo atingir 0,31% e terminar o mês com recuo de 0,33%.
Já o grupo Habitação, que cedeu 0,13% na segunda quadrissemana, deve fechar setembro com inflação de 0,23%, em razão do fim dos efeitos de alívio em energia elétrica por causa da bandeira verde e de redução de PIS e Cofins, disse Chagas. “Ao contrário dos alimentos, Habitação estão perdendo força de queda devido à pressão em energia. Além disso, nas próximas semanas, terá influência de alta devido ao reajuste em gás de botijão”, adiantou. No começo de setembro, foi autorizado aumento entre 8% e 12% no preço do gás de cozinha.