A grave situação financeira da Prefeitura de Guarulhos, que acumula atrasos e calotes, foi admitida como tal pelo secretário de Finanças André Castro de Oliveira, em reunião ocorrida na manhã desta quarta-feira, 7/10, com o presidente da Associação Comercial e Empresarial de Guarulhos, Jorge Taiar.
No entanto, o secretário afirmou que os números da cidade não estão tão ‘fora da curva’, se forem considerados os reflexos negativos que a crise econômica do País tem imposto aos municípios. “Tem atraso? Tem atraso, mas é uma coisa super comum. Eu já trabalhei em outras administrações públicas e esse número não tem nada de fora da curva. Neste momento de crise que a gente está vivendo, [defasagem de] 83% entre liquidado e pago no setor público está acima da média”, disse.
Segundo os dados apresentados por André Castro, a defasagem de pagamento da administração direta é de 83,6%. “Boa parte dessa defasagem não é atraso, mas pagamento que obedece a normas contratuais, como um prazo diferente, por exemplo”, explicou. Indagado por Taiar, o secretário afirmou que não poderia precisar a porcentagem exata do que representaria o atraso de pagamento, mas que isso ficaria entre 14% e 16%.
A reunião desta quarta-feira aconteceu depois de muita insistência da ACE-Guarulhos. O ofício solicitando uma posição a respeito das reclamações sobre a situação financeira do município foi assinado em 9 de maio pelo presidente Jorge Taiar. André Castro contemporizou dizendo que a secretaria está de portas abertas para contestações da entidade “É assim que a democracia se desenvolve. É só com crítica que a coisa avança. Mas não há ausência de transparência. Temos todas as informações”, garantiu.
Taiar reclamou, ainda, sobre os vários prédios alugados pela Prefeitura e do atraso no pagamento de muitos deles. “Não tem cabimento. O valor gasto daria para iniciar um projeto de construção de um centro administrativo no Paço Municipal, no Bom Clima”, arguiu Taiar.
“Os alugueis têm atraso desde que eu cheguei. É algo que se acumula. Isso tem em todo lugar, mas igual aqui eu nunca vi. Nós pagamos o que é emergencial, como folha de pagamento, saúde etc. De resto, a prioridade é a ordem cronológica. Se há casos de atrasos, é preciso ver se não há problemas administrativos, de liquidação. Algo entre o proprietário e a secretaria”, explicou.