O presidente da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex), Roberto Jaguaribe, disse que os países do Mercosul e da União Europeia estão comprometidos com um acordo de livre comércio em níveis inéditos. “Nunca vi compromisso equivalente dos dois lados. Não há divisões no Mercosul e nunca vi declarações tão evidentes por parte dos líderes da União Europeia do compromisso público que eles agora têm declarado”, afirmou.
Na próxima semana, haverá uma reunião entre representantes dos dois blocos na Argentina e a diplomacia acredita que aumentou as chances de que um pré-acordo seja firmado.
O presidente da agência lembrou que o Brasil é o quarto maior investidor não-europeu na União Europeia, acima de todos os países do acrônimo BRIC, e que é preciso aumentar ações de promoção do Brasil na Europa. “A Europa pode pensar que somos povos primitivos, precisamos mostrar que somos países com muita consequência”, brincou.
Em relação às cotas que estão sendo negociadas para a exportação de carne e etanol para o bloco europeu, Jaguaribe disse que anda não é possível falar em patamares mínimos e que os setores estão sendo consultados antes de o Brasil aceitar qualquer proposta.
Ele afastou a possibilidade de que o acordo poderá levar à desindustrialização da economia brasileira e disse que não há nenhum risco de isso acontecer. “A ideia de que o Brasil vai aceitar um acordo de desindustrialização é completamente falsa. O fato de o Brasil ter uma agroindústria pujante não é suficiente, um país da dimensão do nosso tem que ter uma indústria robusta”, afirmou.
Jaguaribe também rebateu críticas do Greenpeace ao acordo, que vazou documentos relacionados à negociação e declarou que o desmatamento vai aumentar após o acordo. Ele disse que o organismo é “campeão em montar painéis de desgraça” e ressaltou que o Brasil é o pais que menos desmatou sua vegetação nativa e que há muito espaço para expansão em áreas não florestais. “Há coisas equivocadas, há um interesse demagógico de fazer o Brasil aparecer sempre como vilão”, afirmou.
O presidente fez nesta sexta-feira, 8, um balanço da atuação da agência em 2017. Segundo Jaguaribe, dos US$ 183,5 bilhões exportados pelas empresas brasileiras até outubro, US$ 51,6 bilhões foram com apoio da agência.