A presidente do Peru, Dina Boluarte, encomendou nesta quarta, 25, um projeto de lei que propõe antecipar novamente as eleições. Inicialmente, ela havia apresentado uma proposta para que a votação fosse em abril de 2024. No entanto, em razão dos protestos e da violência, Dina agora pretende acelerar o processo eleitoral para o fim de 2023.
Até agora, confrontos ligados às manifestações já deixaram mais de 56 mortos e levaram as autoridades a fechar a entrada para a cidade inca de Machu Picchu, joia turística do Peru. Desde dezembro, ativistas bloqueiam estradas em 15 províncias, aumentando a crise de abastecimento.
Nas zonas urbanas, os atos são convocados em sua maioria por apoiadores do ex-líder Pedro Castillo, deposto após tentar aplicar um autogolpe. Ontem, eles voltaram às ruas de Lima para pedir a renúncia de Dina, a sexta presidente em seis anos a comandar o país.
<b>Instabilidade</b>
Esse número de trocas de presidente, recorde na América do Sul no período, evidencia uma crise política marcada por denúncias de corrupção, instabilidade política, polarização e ingovernabilidade. Nos últimos anos, a maioria dos ex-presidentes do país desde o ano 2000 foi presa ou investigada por corrupção, principalmente na esteira dos impactos da operação Lava Jato.
Segundo analistas, a polarização da sociedade peruana e a crise de representatividade política estão na raiz de todo esse caos, assim como um desequilíbrio na relação entre o Legislativo e o Executivo. Eles alertam que a saída não é simples e apenas a antecipação das eleições pode não ser o suficiente para mudar o enredo de instabilidade.
<b>ONU</b>
Sob intensa pressão internacional, o governo do Peru defendeu ontem a atuação de suas forças de segurança durante uma sessão do Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas, reunido em Genebra. A diplomacia peruana afirmou que as autoridades responderam de maneira apropriada aos protestos.
Diante da preocupação expressada por diversos países com o uso excessivo da força por parte das forças de segurança peruanas, o governo prometeu abrir investigações em casos claros de uso desproporcional da força.
"Estamos convencidos de que estamos agindo de forma adequada para defender a democracia e os direitos humanos", afirmou José Andrés Tello, ministro da Justiça e dos Direitos Humanos do Peru. "O governo peruano tem plena consciência de que qualquer solução para a atual crise requer o estabelecimento de um amplo diálogo pautado na busca de acordos e no respeito ao estado de direito." (Com agências internacionais).
As informações são do jornal <b>O Estado de S. Paulo.</b>