A presidente do Peru, Dina Boluarte, será interrogada pessoalmente pela Promotoria nesta terça-feira (7) como parte da investigação para determinar sua responsabilidade nas mortes nos protestos contra seu governo, informou a defesa da presidente neste domingo, dia 5.
Milhares de pessoas tomaram as ruas de Lima no começo do ano para pedir a renúncia de Dina Boluarte. No cargo desde dezembro, quando substituiu Pedro Castillo, ela é a sexta presidente em seis anos a liderar o país.
Nos últimos anos, a maioria dos ex-presidentes do país desde o ano 2000 foi presa ou investigada por corrupção, principalmente na esteira dos impactos da Operação Lava Jato no país. É esse o caso de Alejandro Toledo, Ollanta Humala e Pedro Pablo Kuczynski. Outro presidente, Alan Garcia, também investigado, cometeu suicídio com a polícia à sua porta, numa operação em Lima, em 2019. E Pedro Castillo, eleito em 2021, acabou na cadeia após tentar um golpe de Estado frustrado em dezembro passado.
Dina Boluarte tem "toda a vontade de querer cooperar com a apuração da verdade e da investigação", disse sua advogada Kelly Montenegro ao jornal <i>El Comercio</i>. "Se a Promotoria indicar que o procedimento será presencial, então será presencial", acrescentou. A presidente já havia dito na sexta-feira que estaria "presente, com muito prazer, para responder às perguntas que me fizerem".
A Promotoria peruana iniciou uma investigação contra Boluarte em 10 de janeiro pelos supostos crimes de "genocídio, homicídio qualificado e ferimentos graves" durante as manifestações antigovernamentais de dezembro de 2022 e janeiro de 2023 nas regiões de Apurímac, La Libertad, Puno, Junín, Arequipa e Ayacucho.
O chefe de Gabinete, Alberto Otárola (ex-ministro da Defesa), o ex-ministro do Interior, Víctor Rojas, o ministro da Defesa, Jorge Chávez, e o ex-chefe de Gabinete, Pedro Angulo, também estão incluídos na investigação realizada pela procuradora nacional, Patrícia Benavides.
<b>Crise após golpe fracassado</b>
Na terça-feira, Boluarte completará três meses no poder depois de substituir o ex-presidente Pedro Castillo, de quem era vice, preso após ser destituído pelo Congresso em 7 de dezembro após um golpe de Estado fracassado, em um momento em que estava sob investigação por suposta corrupção.
Professor rural e dirigente sindical de 53 anos, Castillo cumpre 18 meses de prisão preventiva em Barbadillo, um presídio para ex-presidentes dentro da sede da Direção de Operações Especiais da Polícia, em Lima.
Sua queda após 17 meses no poder gerou violentos protestos que deixaram 48 mortos e mais de 600 feridos em confrontos com as forças de segurança. Outras sete pessoas morreram em acidentes de trânsito em eventos relacionados aos bloqueio de estrada.
Novos confrontos entre manifestantes e forças de segurança neste sábado (4) deixaram ao menos 16 feridos, 10 civis e seis militares, e uma delegacia incendiada em Juli, na região andina de Puno, informaram as autoridades. Os manifestantes exigem a renúncia de Boluarte, o fechamento do Congresso e o avanço das eleições para 2023.