Cidades

Professoras da APAE entram em greve

Funcionárias exigem mudanças salariais e benefícios; presidente da instituição é acusada de assédio moral

Sob o argumento de que seriam vítimas de assédio moral e de terem direitos trabalhistas violados, 16 professoras da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae) Guarulhos entraram em greve. A paralisação ocorreu com o apoio do Sindicato dos Professores e Professoras de Guarulhos (Sinpro), após assembléia na manhã desta quinta-feira.

As funcionárias denunciam que há diferenças salariais entre trabalhadoras que desempenham as mesmas funções, falta de horário de trabalho, falta de pagamento de cestas básicas e problemas de infraestrutura e higiene.

Uma professora, que preferiu não se identificar por receio de represália, afirma que as profissionais sofrem humilhações da presidente da instituição, Geny Maria de Lourdes da Silva. "Já fui destratada por ela por não ter comprado ingressos para um evento da instituição e recebi a ameaça de que este fato poderia interferir na liberação das minhas férias este ano", contou.

Em relação à infrestrutura, as professoras apontam que em cinco salas de aula não há possibilidade de trabalhar com os alunos, com deficiências físicas, mentais ou intelectuais, uma vez que estas são separadas por divisórias e a aula que ocorre em uma sala prejudica a que acontece em outra sala simultaneamente.

Presidente da entidade nega acusações

Procurada pela reportagem, a presidente da Apae Guarulhos, Geny Maria de Lourdes da Silva informou que não compreende o motivo das reivindicações das professoras, que atuam junto à entidade há alguns anos. "Não existe assédio, sempre as tratei com carinho", disse.

Quanto às questões trabalhistas, a diretora administrativa Odete Medeiros informou que os direitos das profissionais não são assegurados pela Convenção Coletiva do Sinpro, mas pelo Sindicato das Entidades Culturais, Recreativas e de Assistência Social de Orientação e Formação Profissional no Estado de São Paulo (Sindelivre).

De acordo com Nana Di Beu, diretora do Sinpro, está prevista uma reunião entre o sindicato e o Sindelivre na próxima segunda-feira, quando também deve ocorrer nova assembléia para decidir os rumos da greve.

Sem professores – Com a ausência dos professores, no fim da manhã de ontem o HOJE presenciou alunos chorando, além de mães optando por não deixarem os filhos. "É muito difícil explicar aos alunos, que são excepcionais, que a professora não estará", comenta Eliana Diniz, 50 anos, dona de casa, que tem dois filhos matriculados na instituição.

Apesar da greve, Odete afirmou que as crianças teriam atividades normalmente, desenvolvidas por outros profissionais, tanto na unidade do Jardim Santa Mena, quanto na Vila Rio de Janeiro. Sobre a estrutura da Apae, a diretora apresentou à reportagem as dependências na unidade do Jardim Santa Mena, em que foi possível observar boas condições nas salas. Entretanto, também foi constatada a veracidade do argumento da professora quanto às divisórias entre algumas salas.

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