Centenas de manifestantes no Paquistão queimaram neste domingo efígies do presidente da França, Emmanuel Macron, e gritaram slogans anti-franceses, enquanto Macron tentou enviar uma mensagem de compreensão aos muçulmanos em todo o mundo. Também foram registradas manifestações menores no Líbano, na Turquia e na Índia contra a França após os protestos em todo o mundo muçulmano na semana passada, liderados principalmente por grupos islâmicos.
A nova rodada de protestos ocorreu após a entrevista de Macron na noite de sábado em que ele disse entender o choque que os muçulmanos sentiam com as caricaturas representando o profeta Maomé. Macron falou com a emissora de TV Al-Jazeera, com sede no Qatar. Na entrevista, também defendeu a liberdade de expressão e os valores seculares da França.
O escritório de Macron disse que a entrevista teve como objetivo esclarecer mal-entendidos em torno da posição da França e palavras do presidente que teriam sido tiradas de contexto.
"Nunca disse isso", disse Macron ao entrevistador da Al-Jazeera, explicando
que algumas traduções erradas de suas palavras na mídia indicavam apoio dele a caricaturas do profeta Maomé. "Essas são mentiras."
Macron afirmou que todas as religiões estão sujeitas à liberdade de expressão
e a "estes desenhos". "Eu entendo e respeito que as pessoas possam ficar chocadas com esses cartuns", afirmou. "Mas nunca vou aceitar que alguém possa justificar o uso de violência física por causa desses cartuns. E eu sempre vou defender a liberdade de expressão no meu país, de pensamento, de desenho."
A entrevista desencadeou uma reação nas redes sociais, como muitos argumentando que a rede de TV errou ao dar espaço ao presidente francês, a quem acusam de ter falhado em se desculpar por ofender os muçulmanos. Alguns criticaram Macron por escolher a Al-Jazeera, uma emissora que tem estado no centro das disputas políticas entre nações do Golfo Árabe e Turquia e vem sendo criticada por dar espaço para grupos linha dura proibidos em muitos países do Oriente Médio. Mas, para outros, a aparição de Macron na Al-Jazeera foi saudada com um sucesso das campanhas de protesto e boicote, que obrigaram o presidente francês a falar aos muçulmanos por meio de um canal de língua árabe. Fonte: Associated Press.