O PSOL ingressou no Supremo Tribunal Federal (STF) nesta sexta-feira (8) com interpelação judicial contra o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) em que pede que o mandatário explique, em juízo, suas repetidas alegações sobre supostas fraudes na eleição presidencial de 2018. Uma das oito perguntas listadas pela sigla para as quais pede explicações questiona se ele tem intenção de convocar apoiadores para marchar contra o Congresso Nacional, "a exemplo dos Estados Unidos".
Entre várias falas transcritas pelo partido na interpelação, está a declaração em que o chefe do Planalto relaciona diretamente sua defesa do voto impresso à invasão do Congresso americano por apoiadores do presidente Donald Trump, maior inspiração internacional de Bolsonaro e derrotado na eleição nos EUA pelo democrata Joe Biden.
"Se nós não tivermos o voto impresso em 22, uma maneira de auditar voto, nós vamos ter problemas piores do que os Estados Unidos", disse ontem (7) o presidente brasileiro a apoiadores na frente do Palácio da Alvorada. A votação americana é feita majoritariamente com cédulas de papel, mas isso não impede Bolsonaro de replicar alegações sem fundamento de que teria havido suposta fraude na vitória de Biden.
Nos dias que antecederam as cenas de violência em Washington, Trump incitou repetidamente seus seguidores a demonstrar aos congressistas sua descrença no resultado eleitoral. Mesmo diante de imagens da invasão, que resultou em cinco mortes, uma delas de um policial do Capitólio, o republicano demorou horas até pedir claramente que os agressores voltassem para casa.
Ao acionar o STF pedindo a citação judicial de Bolsonaro, o PSOL pergunta, principalmente, que provas o chefe do Planalto possuiria para comprovar suas denúncias de fraude no pleito em que ele próprio se elegeu, como as teria obtido e por que não as usou para fazer denúncia formal.
Além disso, nas perguntas sobre falas em que o presidente relaciona a defesa do voto impresso com os atos antidemocráticos nos EUA, vistos por alguns analistas como tentativa de golpe, o PSOL também indaga se o mandatário estaria fazendo ameaças a instituições e partidos políticos que participarão da eleição em 2022.
A sigla sustenta, ainda, que, se Bolsonaro não tiver provas, indícios ou qualquer elemento sobre suas alegações de fraude, o presidente pode ter incorrido em crimes de responsabilidade previstos na Lei do Impeachment, crimes eleitorais e crimes comuns previstos no Código Penal.