Estadão

Qual o problema?, diz Lula sobre o país se endividar para crescer

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a minimizar nesta terça, 12, após reunião com o Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável (CDESS), o Conselhão, a possibilidade de o País se endividar, se isso for necessário para garantir investimentos. De acordo com o presidente, o grupo apresentou um conjunto de iniciativas para o País.

"Nós precisamos fazer um estudo de viabilidade econômica de quanto será o investimento para a gente colocar essas coisas maravilhosas que vocês (Conselhão) fecharam que é preciso fazer para o Brasil dar certo" disse o presidente. "Não é uma decisão de mercado, não é apenas uma questão fiscal" continuou Lula. "Se for necessário esse País fazer um endividamento para o Brasil crescer, qual é o problema?", perguntou o presidente.

A declaração do presidente é mais um episódio da queda de braço entre a ala econômica e a política do governo pela gestão do Orçamento. A primeira, liderada pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, defende um equilíbrio nas contas. O ministro prometeu para o próximo ano zerar o déficit público. A segunda pressiona por maior gastos em obras e em programas governamentais.

Argumentando em favor de mais investimentos em educação "para aproveitar os gênios que a gente tem", o presidente defendeu a construção de escolas. "Não quero saber de onde vem o dinheiro, mas eu quero 100 institutos federais nesse País", disse.

Após passar quase duas horas ouvindo demandas de diversos setores, o presidente afirmou que governar "não é difícil". "Basta apenas a gente ter a capacidade de ouvir as pessoas", afirmou. "Temos o caminho das pedras, temos de decidir agora se nós vamos retirar essas pedras ou não. Ou se vamos chegar à conclusão de, por um problema de responsabilidade fiscal, de superávit primário, nós não vamos fazer", disse.

<b>Disputa</b>

No sábado, 9, durante reunião da cúpula do partido para discutir as eleições do próximo ano, em Brasília, a presidente nacional do PT, a deputada Gleisi Hoffmann (PR), defendeu que o País tenha uma meta de crescimento econômico.

Para a petista, o Orçamento deve ser executado na totalidade, com ênfase em investimentos públicos, porque um déficit não alterará a situação do País. "Não é um déficit que vai mudar (a situação do País)", afirmou ao lado de Haddad.

O ministro da Fazenda respondeu no mesmo evento. Ele afirmou que não há uma relação automática entre alta nos gastos públicos e crescimento da economia. Haddad citou como exemplo as gestões anteriores de Lula, em que houve superávit primário de 2% e a economia cresceu, em média, 4%. Ele lembrou que Gleisi havia falado, mais cedo, que o déficit de 2023 se aproximava de 2%.

"Não é verdade que déficit faz crescer. De 10 anos para cá, a gente fez R$ 1,7 trilhão de déficit e a economia não cresceu. Não existe essa correspondência, não é assim que funciona a economia", disse, e citou a expansão de gastos de 2009, logo após a crise econômica global de 2008.
As informações são do jornal <b>O Estado de S. Paulo.</b>

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