Na noite desta terça-feira, mal tinha acabado de chegar em casa, checava meus email enquanto aguardava o sagrado lanchinho da noite, o horário eleitoral mostrava as diferenças entre Serra (PSDB) e Haddad (PT), que concorrem à prefeitura paulistana já que Guarulhos sofre sem uma emissora de TV para mostrar a briga por aqui. O Jornal Nacional recomeça. O telejornal de maior audiência da televisão brasileira é quase que uma missa diária para milhões de telespectadores.
A população, no aguardo da novela das nove, de uma forma ou outra, assiste as notícias apresentadas por Willian Bonner e Patrícia Poeta. É fato. Para minha surpresa, o JN apresenta uma síntese do que foi o julgamento do Mensalão até chegar à condenação da maior parte dos envolvidos, incluindo a cúpula do PT. Foi uma espécie de “melhores momentos” que durou 20 minutos. Um espetáculo. Jornalismo.
De forma didática e esclarecedora, o JN deixou evidente o que levou os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) a condenar os velhos companheiros do intocável ex-presidente Lula. Revelou para todo este povo que não quer saber de política, como uma quadrilha pode usurpar do dinheiro público para armar um grande esquema de poder. Pelas declarações dos próprios ministros, dá para perceber que aquele dinheiro usado para aliciar parlamentares a dizerem amém ao governo Lula foi desviado de obras sociais.
Ou seja, o dinheiro que foi para o bolso de parlamentares saiu de hospitais, de postos de saúde, do saneamento básico, da educação, das creches. Para que não pairem mais dúvidas quão danoso é um governo que tem como principal objetivo estabelecer um plano de poder eterno, fatos. E que não venham falar em armações de uma imprensa golpista. E que não venham dizer que os ministros do STF não têm habilitação para chegar a tais conclusões.
Ao final do Jornal Nacional, impossível não olhar em volta e fazer uma relação direta com as eleições municipais que ocorrem neste domingo. Fiquei pensando como as pessoas que ainda votam no partido que teve seus líderes condenados se sentem. Será que não percebem o que há por trás deste tal plano de poder? Será que nada disso importa? Será que dá para acreditar que nada disso importa? Que não é o nosso futuro que está em jogo? Ainda em minhas reflexões pessoais, chego ao pensamento do filósofo francês Joseph-Marie Maistre (1753-1821), que certa vez escreveu “cada povo tem o governo que merece”.
Repetida e adaptada até hoje, a frase de Maistre tinha como alvo original a Revolução Francesa, de quem foi grande adversário. Monarquista convicto, o filósofo era contra o voto popular, pois o povo não saberia escolher seus governantes. Não penso ou compactuo com essa tese. Defendo a democracia sempre. Mas percebo que, por meio do voto, o Brasil pode viver algo muito ruim daqui a pouco tempo, uma espécie de ditadura travestida de democracia.
Domingo, na hora de votar, pense muito sobre o Brasil que você quer. Pense na Guarulhos que você quer.