Opinião

Quem tem medo do Mensalão?

A proximidade do tão aguardado início do julgamento dos envolvidos no Mensalão, apontado como o caso mais emblemático de corrupção envolvendo o primeiro escalão do Governo Federal da história, vem ganhando contornos políticos já esperados. Afinal, importantes lideranças do PT vão ao banco de réus, justamente no período de uma campanha eleitoral que se desenha como fundamental para determinar quem vai com mais fôlego para a maior disputa que ocorrerá em 2014. A exposição e possível condenção de caciques petistas neste momento com certeza serão utilizadas na campanha eleitoral pelos adversários.


Neste sentido, tentando evitar danos maiores, um grupo formado por seis advogados de São Paulo, ligados ao PT, entre eles o coordenador jurídico do partido, Marco Aurélio Carvalho, e o diretor da Faculdade de Direito da PUC-SP, Marcelo Figueiredo, entrou com uma petição no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) pedindo que a presidente da corte, ministra Cármen Lúcia, trabalhe para manter “o equilíbrio entre as forças políticas em disputa” durante o julgamento do mensalão pelo Supremo Tribunal Federal. Eles querem evitar que os adversários usem imagens do julgamento na campanha eleitoral.


No entanto, é impossível evitar a veiculação de imagens sobre o Mensalão na propaganda eleitoral, que começa dia 2 de agosto. Desta forma, o objetivo real da petição é pressionar o TSE a julgar com rapidez as ações que vierem a pedir a suspensão de imagens que atentem contra as regras eleitorais, ou que, simplesmente, possam ser consideradas ofensivas pelos petistas. A maior preocupação do PT é que o uso das imagens atrapalhe o crescimento de Fernando Haddad em São Paulo.


Mas o troco do PT já está preparado se não conseguir êxito na Justiça. O partido pode usar imagens dos depoimentos de tucanos na CPI do Cachoeira para atingir o PSDB. O trunfo seria a convocação de Pauto Preto, que trabalhou com José Serra na campanha à Presidência em 2010, que – de alguma forma – poderia colocar o agora candidato a prefeito de São Paulo em maus lençóis, desviando assim o foco sobre o Mensalão.

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