Economia

Quero esquecer o ano que passou

Frustrado com a perda de renda da última colheita de soja que foi afetada pela seca, Moacir Fala, de São Jorge do Ivaí, no Noroeste do Paraná, está cauteloso para o plantio da próxima safra, que será no final de setembro. Ele vai adubar menos o solo, não vai expandir a área plantada e pretende demorar mais tempo para trocar as máquinas.

“Na última safra tive a pior receita com soja dos últimos dez anos”, reclama o produtor. Sua lavoura foi castigada pela falta de chuvas exatamente no período de desenvolvimento do grão, quando a água é muito importante.

Com 51 anos de idade, Fala nasceu na roça e começou a trabalhar muito cedo no campo. Na última safra de soja, colhida em março, ele tirou, em média, 100 sacas (de 60 quilos) por alqueire. Como o custo operacional para produção foi equivalente a 70 sacas por alqueire, o ganho veio de apenas 30 sacas. “É pouca coisa”, lamenta.

O produtor, que cultiva 19 alqueires e é considerado de pequeno porte para a região, colheu nos últimos anos uma média de 170 sacas de soja por alqueire. Depois de quitar as despesas, normalmente sobravam 100 sacas, mas no último ano foram apenas 30.

Além disso, o preço do grão despencou. Na sua região, a saca da soja de 60 quilos chegou a ser cotada a R$ 69. Em anos anteriores, o preço girou em torno de R$ 75 a saca.

“A safra passada para mim foi de prejuízo, foi muito ruim, foi só para pagar as contas mesmo”, afirma o produtor. Após quitar o financiamento com o banco, o produtor calcula que não vai sobrar nada para investir. “Vou trabalhar para a próxima safra com o que tenho.”

Menos adubo. Fala já fez as compras de insumos na cooperativa e reduziu o volume de adubo por causa do preço, que subiu entre de 15% a 20% em relação ao ano passado. No plantio da última safra, ele usou, em média, 700 quilos de adubo por alqueire. Neste ano pretende aplicar 100 quilos a menos por alqueire.

“Não vai fazer diferença porque a soja não tirou todos os nutrientes e o solo tem um pouquinho de reserva”, afirma o produtos. Já com outros insumos, como sementes e herbicidas, por exemplo, ele diz que não tem como reduzir o uso sem afetar a produtividade.

Apesar do revés, Fala se diz confiante com a próxima safra. Ele quer recuperar o prejuízo que teve neste ano. “Quero ter uma safra cheia para esquecer o ano que passou.”

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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